quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO

Feliz Ano Novo!
À todas e todos que nos acompanharam neste ano no blog bíblico, desejo os meus mais cordiais votos de um ano repleto de projetos realizados. Que novos horizontes se abrem para nos renovarmos e encontrarmos entusiasmo e disposição para continuarmos o caminho de nossa vida. Que Deus abençoe a todas e todos como Aarão abençoava as filhas e os filhos de Israel:
"Que Deus te abençoe e te guarde,
Que Ele te mostre seu rosto brilhante e tenha pena de ti!
Que Deus te mostre o seu rosto e te conceda a paz!"
(Livro dos Números 6, 24-26)
Espero que nos encontraremos de novo em 2.012 no blog bíblico. Farei tudo para atualizá-lo regularmente. que Deus abençoe e nos encontre unidos na amor fraterno, Pe. Francisco Rubeaux OMI

sábado, 24 de dezembro de 2011

Encontrarão um recém-nascido deitado numa manjedoura.

NATAL: Deus entre nós, nas três manjedouras!
Ao nos comentar o anúncio do nascimento de Jesus, o evangelista Mateus explica que José teve um sonho no qual o anjo lhe pediu de não temer de tomar Maria como a sua esposa. E Mateus interpreta este fato pela profecia de Isaías: "A virgem conceberá e dará à luz um filho. ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco" (Mateus 1, 23).
Para o evangelista o menino que vai nascer de Maria, esposa de José, será Deus mesmo entre nós. Quando Maria completou o tempo de dar à luz, ela teve que se contentar com um estábulo, pois "não havia lugar para eles dentro da casa" ((Lucas 2, 7). Deitado na manjedoura está o Deus encarnado, o Deus conosco "Emanuel". É lá no meio da pobreza que temos que procurar a presença de Deus até hoje. Os Magos foram bater na porta do palácio de Herodes, pensando que um filho de rei nasce em palácio. Foi um engano! Tiveram que ir até Belém, uma aldeia pobre, na periferia de Jerusalém. Deus está sempre à margem. ele se encontra com os mais abandonados, os excluídos da sociedade. A manjedoura de hoje é a favela, o curtiço, a rua dos sem teto e sem abrigo. Este é o lugar teológico por excelência da presença de Deus. Deus se faz um de nós, mas se insere entre os mais desfavorecidos. A presença de Deus é na manjedoura.
Mais adiante no seu livro do Evangelho, Mateus nos afirma que Jesus (Deus) está também presente no seio de sua comunidade: "Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome eu estou aí no meio deles" (Mateus 18 20). O outro lugar da presença de Deus entre nós é a comunidade. A vida fraterna é lugar da vivência de Deus. Nós podemos chamar a comunidade de manjedoura, pois nela repousa o Deus feito pessoa humana. Ele é um dos membros da comunidade. Agora entendemos porque Jesus tanto insistiu no amor fraterno: "O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu amei vocês" (João 15, 12). São João o repetirá à vontade:" Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus" (1a João 4, 7). Ele acrescentará também na mesma carta: "Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus está conosco, e seu amor se realiza plenamente entre nós" (1a João 4, 12). A comunidade é como o sacrário da presença real de Deus.
Ao terminar o seu escrito, o evangelista Mateus deixa uma certeza para a missão da comunidade: "Jesus lhes disse: Eis que eu estou com vocês todos os dias até o fim do mundo" (Mateus 28, 20). O Menino deitado na manjedoura de Belém, e que continua presente no seio de sua comunidade, está presente também nos caminhos da missão. Aos que vão pelo mundo anunciar a Boa Nova e ensinar a todos os povos a se tornarem discípulos de Jesus, Ele mesmo promete a sua presença. A missão é a terceira manjedoura onde repousa o Deus misericordioso que quer ser o Pai de todos.
Afinal, contemplar o Menino na manjedoura, é um convite a entrar e a construir a comunidade fraterna dos discípulos e das discípulas, e partir para a missão de anunciar a Boa Nova de "Deus conosco"- Emanuel.
A todas e todos, amigas leitoras e amigos leitores um luminoso Natal de Paz e de Alegria. Possamos na força do Espírito do Senhor crescer como filhos e filhas de Deus que somos e irradiar a Boa Nova do "Deus conosco",

sábado, 17 de dezembro de 2011

MARIA da ESPERANÇA.

ADVENTO-MARIA

Sem dúvida nenhuma a maior e mais profunda espera foi de Maria de Nazaré. Ela esperava que um dia Deus atenderia os apelos do seu Povo por libertação, era a mística (espiritualidade dos “Pobres de Javé”, os anawim). Mas ela viveu a espera de uma mãe, durante nove meses esperando a criança nascer. Foi a espera de todas as mães até hoje. O Evangelista Lucas que mais nos fala de Maria, silenciou os sentimentos maternos de Maria na espera do nascimento do seu filho. Mas nos deu de conhecer estes sentimentos pelas palavras que ele empresta a Maria no seu hino de louvor: “Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Sim sua misericórdia perdura de geração em geração, santo é seu nome” (Lucas 1, 46 e 50).
A esperança de Maria se fundamenta na certeza que ela tem que Deus é fiel. Ele vai cumprir as suas promessas, que Ele fez desde o tempo de Abraão. E qual foi esta promessa? "Em você todas as nações da terra serão abençoadas" (Gênesis 12, 3). Ora a bênção de Deus é vida, é paz, é alegria, é abundância, é graça. É esta promessa que agora vai se realizar. A esperança de Maria está no menino que vai nascer, mas está também na certeza que a promessa de Deus vai se realizar. Aquele que vai nascer do seu seio vai trazer uma nova era de vida e de paz, revolucionando a realidade sofrida do povo empobrecido: saciar de pão os famintos, levantar os humilhados, a todos e todas provar a misericórdia divina.
O que sustenta a esperança de Maria é a sua fé na Palavra. Ela sabe que quando Deus fala, está feito (Gênesis 1, 3). Foi a esta palavra que ele deu a sua adesão no dia do Anúncio do Anjo: "Faça- se em mim segundo a tua palavra". E é esta atitude que será elogiada por Jesus diante da multidão, em resposta à mulher que se extasiava pela grandeza da mãe dele: "Mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática" (Lucas 11, 28). É a recomendação do Apóstolo Santiago na sua carta: "Sejam praticantes da Palavra e não apenas ouvintes, iludindo a si mesmos. Quem ouve a Palavra e não a pratica é como alguém que observa no espelho o rosto que tem desde o nascimento; observa-se a si mesmo e depois vai embora, esquecendo a própria aparência" (Tiago 22 e 23).
Maria vive esta tempo de espera no silêncio da contemplação. No Evangelho segundo São Lucas, Maria proclama o seu hino de louvor ao Deus fiel (Magnificat), e reabrirá a boca unicamente quando Jesus com doze anos de idade, ficará no Templo de Jerusalém, ao encontrá-lo, depois de três dias de uma busca angustiada, Maria falará de novo: "Meu filho por que você fez isso conosco?" (Lucas 2, 48). Neste intervalo de tempo Lucas só nos relata que "Maria conservava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração" (Lucas 2, 19 e 2, 51).
É o silêncio contemplativo de Maria. Ele contempla o mistério de Deus que se faz próximo da humanidade, que se faz humanidade: "Ele tomou a nossa carne, se fez pessoa humana e habitou entre nós" (João 1, 14). É neste mesmo silêncio que ele contemplará o mistério da redenção na hora da paixão e morte do seu filho: "Ao pé da cruz estava a sua mãe..." (João 19, 25). Maria espera no silêncio e não no barulho e nas gritarias publicitárias.
Neste tempo de Advento são estes sentimentos que precisamos reavivar em nós: a confiança que nasce da certeza de que Deus nunca abandona o seu Povo, principalmente o seu povo empobrecido e sofrido. Deus é fiel, não falha nem falta. Temos que aprender a reconhecer os sinais que nos provam esta presença misericordiosa. Ele está no meio de nós, Ele caminha conosco, é o motivo de nossa alegria: “Alegrem-se sempre no Senhor, eu repito alegrem-se” (Filipenses 4, 4). Precisamos também nos recolher no silêncio e contemplar este mistério de nosso Deus que vem junto a nós, compartilhar nossa vida, iluminar nosso caminho da sua presença, como fez com os dois discípulos a caminho de Emaús (Lucas 24, 13-35). Pois ainda hoje é do silêncio que nasce a Palavra que salva, a Palavra que e Jesus: "Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, tua Palavra onipotente lançou-se do trono real dos céus para o meio de uma terra de extermínio" (Livro da Sabedoria 18, 14). Como mãe educadora (que encaminha) que Maria nos conduz pela mão neste tempo de espera e de esperança, que ele nos ensina a contemplar a presença amorosa de Deus em nós e ao nosso redor. Então deste silêncio contemplativo e profundo nascerá o Menino que vem salvar e dar a verdadeira vida: a vida de Deus em nós.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ADVENTO: JOÃO BATISTA

A outra pessoa que marca este tempo de Advento é João Batista, o maior entre todos os Profetas, até é mais do que um Profeta dirá Jesus e o maior entre os nascidos de mulher (Mateus 11, 11).
Ele é profeta pois vem com o espírito de Elias (Lucas 1, 16-17 e Malaquias 3, 23-24). Como Elias ele é um defensor terrível da fé em Deus e da vivência do projeto de vida, compromisso da Aliança. Como Elias ele vive no deserto, veste roupa de pelo de camelo e um cinturão de couro ao redor dos rins (Mateus 3, 4 e 2o livro dos Reis 1, 18). Ele é bem o Elias que há de voltar para anunciar a vinda do Messias segundo a tradição dos escribas, ensinada nas Sinagogas. "Porque razão os escribas dizem que é preciso que Elias venha primeiro?... Elias já veio, mas não o reconheceram" (Mateus 17, 10-13).
Se ele tem o espírito de Elias, é a missão anunciada pelo profeta Isaías que ele vem realizar: prepara os caminhos para a vinda do Senhor (Marcos 1, 2-3). Como os seus contemporâneos, ele espera também a vinda do Messias. Por isso ele prepara os corações, pregando um batismo de arrependimento, de conversão (Lucas 3, 3-4).
A conversão significa uma mudança de vida, de atitudes, de comportamentos, de relacionamentos com os demais. Mas ela deve produzir frutos: cada um, na sua condição social, tem como se converter: "Quem tiver duas túnicas reparta-as com quem não tem. Quem tiver o que comer faça o mesmo" (Lucas 3, 11). Conversão também no exercício de sua função: não extorquir, não abusar de sua autoridade para explorar, não roubar, hoje diríamos não se corromper, não se deixar subornar. Não é nenhuma novidade, mas é reencontrar o caminho do Projeto de vida que Deus quer para todos, é voltar a viver segundo a Aliança.
Ele espera também a vinda do enviado de Deus, preparando os seus caminhos, preparando os corações para acolher “Aquele que vem em nome do Senhor”. Além de anunciar a chegada próxima do Messias, ele teve a alegria de designá-lo: “Eu não o conhecia... mas agora eu vi e dou testemunho que é ele: eis o Cordeiro de Deus (João 1, 31. 34. 36). Por isso muitas vezes São João Batista é representado com um cordeiro deitado aos seus pés e estendendo o braço o seu dedo aponto para um lugar. este lugar é a pessoa de Jesus que ele reconhece como o enviado de Deus. Sua alegria se compara à alegria do amigo do esposo: “Quem tem a esposa é o esposo, mas o amigo do esposo que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria, e ela é completa” (João 3, 29). Como amigo do esposo ele veio para apresentar a noiva ao noivo: a humanidade ao seu Senhor. ele quis preparar esta noiva-humanidade a deixando como dirá Paulo: "sem rugas nem mancha...", "toda ornamentada para o seu esposo".
Como ele pregava, ele esperava um Messias portador do fogo da purificação, pronto para derrubar o que não prestava: "A ira de Deus vem... o machado está posto à raiz das árvores... a palha vai ser queimada no fogo inextinguível!" (Mateus 3, 7.10.12). Por isso ele parece decepcionado quando da sua prisão ele manda discípulos para perguntar a Jesus: "É aquele que há de vir ou devemos esperar outro?" (Mateus 11, 3). Jesus responde pelas Escrituras citando o Profeta Isaías e lembrando assim quais seriam as obras do Messias. São estas que todos podem ver. Como Pedro, Tiago ou João, João Batista tinha também uma ideia de como seria o Messias. Mas Jesus veio de outra maneira, com misericórdia e compaixão. É o momento de nos perguntarmos: e nós que Messias esperamos ou como esperamos a sua ação hoje?
Fiel a sua missão de converter os corações, João Batista denunciava também a conduta errada de Herodes. Sabemos que por cauda disto ele foi encarcerado e que sua vida terminou sacrificado por um capricho de adolescente instigada por sua mãe ao responder a uma oferta de um rei irresponsável e bárbaro (Marcos 6, 17-29). Ele foi vítima deste mundo do qual denunciava os pecados, os comportamentos imorais e as condutas desenfreadas.
Quantos até hoje não morrem assassinados por defender o direito dos pequenos e indefesos, quantos não morrem por lutar por uma sociedade justa e fraterna. Ainda hoje é preciso preparar os caminhos do Senhor: abaixar os montes elevados (orgulho, ambição...), preencher os vales afundados (omissões, vazios...) endireitar os caminhos tortuosos (egoísmo. ganância, ódio...). João Batista continua hoje a ser a voz profética da vinda do Senhor, através de nossas vozes.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ADVENTO, TEMPO DE ESPERANÇA.

O tempo de Advento nos introduz na esperança e na espera. Espera como no passado, tempo de Israel esperando o Messias: "Vem ao meu encontro... levanta-te para visitar estas nações todas" (Salmo 59, 5-6), espera do futuro "Ele há de vir para julgar os vivos e os mortos" (Símbolo apostólico) , espera no tempo presente, pois ele está sempre à porta e bate "se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo" (Apocalipse 3, 20).
Neste tempo de espera a Liturgia dos domingos destaca três pessoas, modelo de espera: Isaías, João Batista e Maria. Vamos tentar resgatar um pouco da vida de cada um para ver em que suas atitudes podem nos ajudar nós também a estarmos em estado de espera.

O PROFETA ISAÍAS
O seu nome significa em hebraico: “Javé é salvação”, do radical “yasha= ajudar, socorrer, salvar". O Profeta nasceu, provavelmente, nos anos de 760 A.C, em Jerusalém. Ele pertencia a classe alta da cidade e do Reino de Judá. Filho de Amós (Isaías 1,1, a não confundir com o Profeta Amós) a tradição rabínica conta que seu pai era irmão do rei Ozias (2º Reis 15, 1-7) ainda chamado Azarias.
Isaías conhece bem a cidade de Jerusalém e os lugares do poder: palácio, templo... ele tem suas entradas no palácio real e conhece por dentro a vida da classe alta. Ele fala com o rei num pé de igualdade. Suas duas grandes preocupações no seu ministério profético serão o templo e a dinastia davídica. Ele testemunha de uma formação nos meios sapienciais: ele usa um vocabulário sapiencial, apresenta parábolas, ele agrupa discípulos. Naquela época a classe dos “Sábios” era encarregada de dirigir os negócios do estado, eram conselheiros políticos do rei e elaboravam os planos políticos do reino.
A cena internacional desta época (segunda metade do VIII século a. C), é dominada pela ascensão de uma nova grande potência: a Assíria. Avançando para o oeste numa primeira campanha em 743 A.C a Assíria submete o reino de Israel ao tributo (2º Reis 15,19). Mas o verdadeiro plano é chegar até o Egito, anexando ao seu império todos os pequenos reinos existentes: Síria, Fenícia, Israel, Judá... O grande imperador Teglat Falasar III conseguirá chegar até o Egito sem conquistá-lo. O Egito era a outra potência dominante, mas mais fraca. Judá encontra-se entre os dois inimigos. Israel e a Síria formam uma aliança contra a Assíria, mas Judá se alia à Assíria. Esta situação vai gerar a guerra entre os dois reinos irmãos: Israel e Judá. Esta guerra será chamada “guerra siro-efraimita”.
Aliado da Assíria, Acaz se submete não somente ao Imperador, pagando tributo, mas também aceita os deuses assírios e seus costumes cultuais: "Acaz enviou mensageiros a Teglat Falasar, rei da Assíria para dizer-lhe: sou o teu servo e teu filho (2o livro dos Reis 16, 7). Narra também o mesmo livro que "Acaz não fez o que é agradável aos olhos do Senhor. Ele imitou a conduta dos reis de Israel, e chegou a fazer passar o seu filho pelo fogo, segundo os costumes abomináveis das nações (2o Reis 16, 2-4).
A situação do reino de Judá, como o de Israel, foi marcada por anos de prosperidade. Nos 50 anos de reinado de Ozias (2º Reis 15, 2), o país cresceu economicamente e desenvolveu-se uma classe rica. Como sempre quando uma parte da população enriquece a outra empobrece. Esta situação de prosperidade criou uma situação social de injustiça:
luxo e ganância dos ricos (Isaías 2, 7-8; 5. 11-13);
riquezas amontoadas a custa dos pobres (Isaías 5, 8-10; 32, 6-8);
luxo e decadência das mulheres de Jerusalém (Isaías 3, 16 a 4, 1; 32, 9-14);
mentira e violência (Isaías 1, 15-16; 3, 5-11);
Não há mais justiça nem homem honesto (Isaías 10, 1);
corrupção dos líderes, sacerdotes, profetas (Isaías 3, 12-15).
decadência religiosa: tudo é justificado pela religião (Isaías 1, 10-15; 1, 29-31;
2, 6; 2,18-20; 5, 18).
É neste contexto que se dá a vocação de Isaías como Profeta (Isaías 6, 1-13). Ele se sente revoltado diante da situação, diante dos conselheiros do rei que preferem seus planos ao plano de Deus. O próprio texto nos diz que a vocação de Isaías se dá “no ano em que faleceu o rei” (Isaías 6,1) provavelmente no ano 740 A.C. O início do livro nos informa que Isaías vai profetizar \até o reinado de Ezequias, ou seja no ano de 686 a. C, ano da morte de Ezequias. No livro apócrifo “Ascensão de Isaías” narra-se que ele foi martirizado no tempo do rei Manassés (sucessor de Ezequias). O rei mandou executá-lo com uma serra de cortar árvores.
Diante da situação em que se encontra o reino de Judá, o Profeta faz nascer uma grande esperança: virá um novo rei que trará a paz e a prosperidade para todos, ele será ungido de Deus (Messias). As profecias de Isaías a este respeito são reagrupadas nos capítulos 6 a 12 e formam o chamado "livro do Emanuel". Lá estão as esperanças do Profeta e os três grandes textos bem conhecidos de nós: 7, 14-17 (a jovem casada dará à luz); 9, 1 a 6 (o povo que andava nas trevas) e 11, 1-9 (um ramo sairá do tronco de Jessé).
As profecias que são palavra de Deus para iluminar a realidade do momento, tornaram-se profecias anunciando para o futuro um reino de paz trazido por um Messias. Cada uma reafirma que Deus está e estará sempre com o seu povo. A criança que vai nascer (Isaias 7) será chamada de Emanuel= Deus entre nós. ela receberá também os nomes de Deus forte, pai eterno, príncipe da paz Isaías 9, 5). O rebento que brota do troco de Jessé possui o Espírito de Deus na sua plenitude dos dons (Isaías 11, 1-2).
Ao reconhecer em Jesus de Nazaré o Messias esperado, os primeiros discípulos atribuíram também a Jesus estas profecias de Isaías. Jesus nasceu e recebeu o nome de Emanuel, pois ele é a presença de Deus entre nós. Ele veio como uma luz para todas as nações trazendo paz e justiça. Sobre ele repousa o Espírito Santo de Deus e mostrou pelos seus sinais que ele vinha estabelecer o reino de Deus, reestabelecendo a harmonia entre todos os seres da Criação.
No meio de todas as tribulações em que vivemos, o Profeta Isaías vem ainda nos dar esperança, nos encorajar a continuar a caminhada, pois esperar pelo Senhor, nunca é vã. O importante é se manter firmes, pois a esperança não decepciona. Escutamos ainda hoje com muita atenção o conselho do Profeta: "Se não crerem, não se manterão firmes" (Isaías 7, 9).

sábado, 12 de novembro de 2011

Dia da consciência negra.

No dia 20 deste mês de novembro lembraremos o grande líder da libertação negra: Zumbi. Ao reler a sua vida e a sua ação e a vida e ação de Moisés, é impressionante como os dois se parecem. A final uma mesma chama de fogo abrasava o coração dos dois. Esta chamaera a presença do próprio Deus da Libertação presente em suas vidas. No coração dos dois queimava e não se consumia o fogo da sarça ardente (Êxodo 3, 1-15). Possamos arder também na luta pela justiça contra a discriminação de hoje.

Dia da Consciência Negra: MOISÉS e ZUMBI.
20 de novembro de 2.011

1. Uma situação parecida:
Moisés: ler no livro do Êxodo 1, 11 e 13; 1, 15 e 16; 5, 4 a 9 e 17.
2, 1 a 10.
Zumbi: líder negro, nascido em 1655 no Quilombo dos Palmares, entre
Alagoas e Pernambuco. Foi o maior símbolo da resistência negra contra
a escravidão. Durante uma expedição contra Palmares, comandada por
Brás da Rocha, foi raptado ainda recém-nascido e entregue ao Pe. Antônio
Melo, vigário de Porto Calvo, que o criou sob o nome de Francisco.
Enquanto viveu com o Pe. Antônio Melo, foi alfabetizado, aprendeu latim e
passou a ajudar missa. Em 1670, aos 15 anos, fugiu e foi morar com o seu
povo no Quilombo dos Palmares, onde adotou o nome de Zumbi (que
significa guerreiro) e foi acolhido por uma família. Na época o Quilombo dos
Palmares era comandado por Ganga Zumba (que significa grande senhor) e
era tio de Zumbi

Em cada época e em cada ligar:
o povo está no cativeiro, lá como cá, trabalhos forçados
privação dos seus direitos fundamentais: dar a vida.
eliminação de sua cultura, muda até os nomes
imposição de outra religião: não podem ir no deserto
cultuar o Deus dos seus antepassados.

2. Dois homens em busca de libertação:
Moisés. Filho de hebreus, isto é de escravos.
Salvo pela sua mãe que não quer mata-lo.
Criado na corte real pela filha de Faraó que o recolheu.
Ele aprende a cultura do dominador e muda de nome (Moisés,
filho do deus... Nome egípcio.
Ele tem que fugir no deserto, junto aos nômades onde reaprende a viver
como seus antepassados nômades: cultura, modo de trabalhar...
Animado por Deus, ele volta ao Egito e organiza a libertação do seu povo

Zumbi. Filho de negros escravos, já fugitivos do sistema escravagista.
Raptado por inimigos do seu povo.
É criado à maneira dos brancos
Recebe a cultura dos brancos: latim ,missa,
Até muda de nome: é Francisco.
Foge para o Quilombo
Prepara a resistência, organiza a luta.

Ainda hoje, o povo vive na escravidão, mas muitas vezes não tem consciência dessa situação. Ele sofre, acha a vida dura, mas não percebe o porque, numa palavra, não é CONSCIÊNTIZADO. Consciência negra significa, consciência de ser negro e negro explorado, escravizado, consciência que se deve lutar pela liberdade e a dignidade de todas as pessoas humanas.
O que falta é tomar consciência não somente de ser negro ou mulher, mas consciência que qualquer que seja a cor, o sexo, a idade, ainda hoje milhares de pessoas vivem em condições desumanas, nem são tratadas como pessoas, consciência que essa situação só poderá mudar com o nosso engajamento, nosso compromisso, nós mesmos nos organizando para nos libertar. A libertação não vem de cima, das mãos de quem quer que seja, ela virá somente de baixo, dos que são escravizados:

“Eu acredito que o mundo será melhor,
quando o menor que padece acreditar no menor”.

“Quem gosta da gente, somos nós,
e quem, vem nos ajudar”.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

BIBLIA E MISSÃO II

BÍBLIA E MISSÃO. 2

“O primeiro passo para a missão é SAIR. Sair de si mesmo, dos seus costumes, do seu circulo familiar ou de amigos. Sair dos seus preconceitos e de suas posturas definidas. Sair para ir ao encontro do outro”.

“Sai da tua terra, da tua parentela e da casa do teu pai, para a terra que te mostrarei.” (Gênesis 12, 1). Assim começa a história de Abraão e, portanto, a história do povo de Israel, como relata o livro do Gênesis.
Sair de onde estamos estabelecidos, onde está tudo organizado, onde estamos acostumados.
Sair da sua terra como Abraão, várias pessoas foram convidadas a fazê-lo. Mas podemos sair também da nossa casa para ir ao encontro da realidade que nos cerca, para ir ao encontro das pessoas tão perto de nós e tão longe no mesmo tempo, que, às vezes, nem sequer conhecemos o nome!
Foi isso que fez Moisés: “Naqueles dias, Moisés cresceu e saiu para ver os seus irmãos e, viu as tarefas que pesavam sobre eles” (Êxodo 2, 11). Ele saiu do palácio onde estava levando uma vida tranqüila, para ver a realidade em que viviam seus irmãos de sangue. Após a sua intervenção mal sucedida, ele teve que sair até do país do Egito e se refugiar em Madiã. É de lá que ele sairá para a sua missão libertadora.
A missão começa desinstalando, porque ela parte de um desejo de comunicar uma Boa Nova. É como um fogo que arde por dentro como se exprime o profeta Jeremias: “Quando eu pensava: não me lembrarei dele, já não falarei em seu Nome! Então isso era no meu coração um fogo abrasador” (Jeremias 20, 9). A missão nos faz quebrar as barreiras da discriminação, seja social, seja racial ou religiosa. Por isso a missão é universal. Abraão vai de Ur da Caldéia até Harã, de Harã até Canaã, de Canaã até o deserto do Negueb, e do deserto do Negueb até Egito, “de acampamento em acampamento” (Gênesis 12, 9). O missionário não se prende a um lugar, a um grupo, a uma família, ele vai sempre mais para frente: “Jesus disse-lhes: vamos a outros lugares, às aldeias da vizinhança, a fim de pregar também ali, pois foi para isso que eu saí. E foi por toda a Galiléia, pregando nas suas sinagogas e expulsando os demônios” (Marcos 1, 38-39). Nós teremos oportunidade de rever isso também no livro dos Atos dos Apóstolos com os grandes missionários Paulo de Tarso, Barnabé, Timóteo... eles saem cada vez mais longe e até as extremidades da terra. A missão recebida por Abraão o torna bênção para todos (universal): “Por ti serão benditos todos os clãs da terra” (Gênesis 12, 3).
Toda cristã, todo cristão é missionária(o). Não está muito certo uma pessoa declarar: “eu, padre, vou da minha casa para a igreja e da igreja para minha casa...” Onde está a missão nesta atitude que se quer cristã? Ninguém vai ao encontro dos outros por curiosidade, saber o que se tem na casa do vizinho, vai para levar uma palavra de conforto, de ânimo: “O Senhor Deus me deu uma língua de discípulo para que eu soubesse trazer ao cansado uma palavra de conforto” (Isaías 50, 4). É nisto que consiste a “bênção”.
“Sê uma bênção”! O missionário é uma bênção para todas as pessoas que ele encontra pelas palavras que ele traz, mas também pelas atitudes que ele toma perante as pessoas. Se animado pelo Espírito Santo, ele irradia os frutos do Espírito Santo: “amor, alegria, paz, bondade, paciência, mansidão...” (Gálatas 5, 22). Quando Abraão se esquece da sua missão e engana o Faraó do Egito, afirmando que Sara não é a sua esposa, e sim a sua irmã. Então Faraó toma Sara como esposa, mas cai sobre o Egito a desgraça: “então Deus feriu Faraó com grandes pragas, e também sua casa por causa de Sara” (Gênesis 12, 10-20).
Estamos aqui diante de uma atitude importante do missionário: conhecer e se adaptar à cultura das pessoas que ele vai encontrar. A primeira atitude do missionário é a “compreensão”. Compreender significa abraçar a maneira de se comportar, de pensar do outro. Levar a boa nova da fé em Jesus Cristo, não é levar a nossa cultura, o nosso modo até de viver a fé. È, antes de tudo, permitir o encontro entre a pessoa e Jesus. Foi a missão de João Batista: “Ao ver Jesus que passava, João disse: Eis o cordeiro de Deus. Os discípulos ouviram-no falar e seguiram Jesus. Jesus perguntou: o que estão procurando? Responderam: Mestre onde tu moras? Jesus respondeu: venham e vejam. Eles foram e permaneceram com ele naquele dia” (João 1, 35-39).

Para continuar a reflexão:
Já participou de missões populares? O que você achou mais difícil?
Para desempenhar bem a minha missão, de que devo me desprender em
primeiro lugar?
Como posso ser uma “bênção” hoje na minha realidade?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

MÊS VOCACIONAL

VOCAÇÃO: “O Senhor está aqui e te chama!” (João 11, 28).

1. Chamado:
A palavra “vocação” vem do latim “vocare” que significa “chamar”. Por isso vocação é também chamado.
Quando falamos em chamado, é claro que supõe alguém que chama, alguém que escuta o chamado e este chamado é em função de algo a ser realizado (uma missão).

2. Chamados á VIDA:
Toda pessoa humana é chamada à vida. Nossa vocação é em primeiro lugar: viver. Um homem e uma mulher se uniram e nos chamaram à vida. A existência é o fato de estar no mundo (ex-istir).
Fomos chamados à vida e para a vida.
Assim também os autores bíblicos nos apresentam a vocação humana. Vamos abrir o livro de Gênesis 1, 27-28: “Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher ele os criou. Deus os abençoou e lhes disse: sejam fecundos, multipliquem-se, enchem a terra e a submetem, dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra”.
Como Deus é autor da vida, ele dá a mesma possibilidade ao ser humano. Ele será transmissor de vida e cuidará desta vida. É o que complementa o segundo capítulo de Gênesis 2, 5. 7-8. 15: “Não havia ainda nenhum arbusto dos campos sobre a terra e nenhuma erva dos campos tinha ainda crescido porque Deus não tinha feito chover sobre a terra e não havia homem para cultivar o solo. Então Deus modelou o homem com a argila do solo, insuflou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tronou um ser vivente. Deus plantou um jardim em Éden, no oriente, e aí colocou o homem que modelara para cultivar e guardar o jardim”.
Cultivar e cuidar do jardim são a missão de todo ser vivente, para isso foi criado. A Campanha da Fraternidade nos alerta na maneira como nós, hoje, estamos vivendo esta nossa missão. Vamos ouvir de novo o hino da Campanha e meditar um pouco na mensagwem que ele quer nos transmitir. Vamos escutar o testemunho de uma mãe de família e atende de os uma creche. Como ela vê a sua missão de transmitir e cuidar da vida?

3. A própria vida nos chama:
A pessoa que compreende e assume a sua vocação à vida, muitas vezes fica indignada com a realidade que enxerga. A vida é maltratada. A Campanha da Fraternidade deste ano nos interpela neste assunto: “Vida do planeta”. De fato o que vê é como um chamado a tomar posição, a se engajar numa luta por melhores condições de vida. É a vida sob todas as suas formas: vida humana, vida animal, vida ambiental...
A Bíblia nos guardou a história de muitas pessoas que vendo a situação desastrosa da Criação se levantaram e tomaram a defesa da vida. Nos lembramos de Moisés: “Moisés saiu para ver os seus irmãos, e viu as tarefas que pesavam sobre eles; viu também um egípcio que feria um dos seus irmãos hebreus.. E como olhasse para uma e outra parte e visse que ninguém estava ali, matou o egípcio e o escondeu na areia” (Êxodo 2, 11-12)
O Profeta Miquéias se indigna diante do comportamento dos líderes do povo de Israel: “Ouvi isto chefes da casa de Jacó e magistrados da casa de Israel, vocês que detestam o direi, que torcem o que é reto, vocês que edificam Sião com o sangue e Jerusalém com injustiça. Seus chefes julgam por suborno, seus sacerdotes ensinam por salário e seus profetas vaticinam por dinheiro” (Miquéias 3, 9-11).
Será a mesma atitude de Jesus diante as injustiças e as opressões dos governantes do seu tempo: “Vocês sabem que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os grandes as tiranizam” (Marcos 10, 42).
Jesus fica indignado diante a dureza de coração dos líderes religiosos, presos a uma lei, em vez de se solidarizar com o sofrimento dos mais frágeis. Na sinagoga, ele manda o homem da mão atrofiada vir para o centro e perguntou: “É permitido no sábado, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar a vida ou matar? Eles, porém, se calavam. Repassando então sobre eles um olhar de indignação, e entristecido pela dureza do coração deles, disse ao homem: estenda a mão. Ele a estendeu e a mão estava curada” (Marcos 3, 4-5).

Assim a realidade dura e sofredora de milhares de pessoas moveu gente para responder às necessidades dos mais atingidos: Profeta Miquéias, Profeta Amós... Jesus de Nazaré, os Apóstolos, tantos Santos e Santas, Madre Tereza, Irmã Dulce, Dom Oscar Romeu... Religiosos(as) como leigos(as). Tem também muitas pessoas, que sem ser cristãs se dedicaram à luta pela vida: Gandhi, Dalai Lama, vários diziam não acreditar em Deus, mas acreditava na pessoa humana que devia ser respeitada na sua dignidade.
E nós o que nos indigna nesta realidade em que vivemos? O que nos chama a responder ao apelo de Deus em consagrar a nossas forças (físicas, intelectuais, morais, espirituais) a serviço da Vida?

É preciso estar sempre à escuta de Deus que chama. Ele chama pela voz de muitas pessoas que nos cercam, pois a voz do pobre é o chamado de Deus. "Quando te vimos Senhor...? Cada vez que você encontrou alguém na necessidade,,,,Era EU!" (Mateus 25, 37-40),



















Desculpas!

Caras leitoras e caros leitores,
Lhes devo muitasa desculpas pela interrupção do meu blog nestas últimas semanas. Uma série de problemas atropelaram o ritmo de minha vida...mas estou de volta! Agora estou residindo em Manaus, onde minha missão é a a nimação bíblica numa periferia da cidade. Temos um encontro de formação bíblica toda semana, e 10 comunidades que um dia da semana à noite realizam um circulo bíblico. Tive que me adapatar ao meu novo campo de trabalho como também às pessoas com quem vou lidando no dia a dia. Mas vamos tentar retomar a nossa evangelização pela Internet e neste mês das vocações estou publicando um pequeno texto sobre a vocação. A todas e todos desejo umas boa leitura e um bom aproveitamento. Que todas e todos fiquem na paz do Senhor Jesus, Pe.Francisco OMI

sábado, 7 de maio de 2011

O Caminho de EMAUS

OS DISCÍPULOS DE EMAUS.
(Evangelho segundo Lucas 24, 13 a 35).


1. Caminhar sem reconhecer Jesus junto de nós. (Lucas 24, 13-17).

“Eis que dois dos discípulos de Jesus viajavam neste mesmo dia da Ressurreição, para uma aldeia chamada Emaús, a uns 12 quilômetros de Jerusalém; eles conversavam sobre todos os acontecimentos ocorridos nos dias passados. Ora enquanto conversavam e discutiam entre si, o próprio Jesus aproximou-se e pôs-se a caminhar com eles; seus olhos porém, estavam impedidos de reconhecê-lo. Ele lhes disse:” Que palavras são essas que trocais enquanto ides caminhando?” E eles pararam, com o rosto sombrio.”

Os dois discípulos estão deixando Jerusalém, estão deixando os outros discípulos, pois todos se dispersaram. Não tem mais comunidade. Tudo está destruído. Os dois estão voltando para a casa, tristes sem esperança nenhuma. É dia, mas no coração é noite: noite da tristeza e da derrota. São incapazes de reconhecer Jesus no companheiro de caminhada. Mas Jesus está sempre por perto, Ele caminha conosco, Ele se interessa por cada um de nós.

E nós, hoje, acontece de nós estarmos tristes e perder a esperança por causa de acontecimentos que perturbam a nossa vida? Nós também fugimos de todos, não queremos mais saber de nada nem de ninguém?

2. Porque tanta tristeza? (Lucas 24, 18-24).

“Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que aconteceu com Jesus de Nazaré, que foi um grande Profeta poderoso em obra e palavra, diante de Deus e diante de todo o povo; nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem iria redimir Israel; mas , com tudo isso, faz três dias que todas essas coisas aconteceram!”

Os dois guardaram de Jesus unicamente a lembrança da cruz. Os poderosos conseguiram apagar nos corações deles a esperança que tinham de uma mudança, da chegada de um Messias, enviado por Deus. Mas os poderosos crucificaram esse sonho. “Nós esperávamos...” Porém, agora não tem mais nenhuma chance, pois já completou três dias que tudo isso aconteceu.

Nós já tivemos decepção na vida? Pensávamos que ia acontecer uma coisa boa para a gente e tudo deu errado. Em relação a Deus, quantas vezes também, a gente esperou e nada veio....Parece que Deus nos abandonou, Ele nos fez esperar e nada aconteceu.




3. Pelo caminho, Jesus explica as Escrituras. (Lucas 24, 25-27).

“Jesus então lhes disse:” Ó insensatos e lentos de coração para crer tudo o que os profetas anunciaram! Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua glória”? E começando por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito.”

Todas as Escrituras: Moisés é o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Eles conhecem as Escrituras mas elas não passaram na vida deles. Eles sabem de cor, eles ouvem sempre as leituras na Sinagoga, mas isso não diz nada para a vida deles. A Palavra de Deus não ilumina os acontecimentos que eles vivem. Os Profetas também anunciaram os sofrimentos do Messias. O Profeta Isaías falou de um Servo Sofredor, cordeiro levado ao matadouro... O Salmo 22 é a oração do justo torturado e humilhado “ eles tiraram as suas vestes e as sortearam....lhe deram vinagre para beber...traspassaram suas mãos e seus pés...”

E nós, hoje, como a Palavra de Deus nos ajuda a caminhar? Tudo que sabemos e ouvimos da Bíblia nos ajuda na nossa vida do dia a dia, ou esquecemos tudo, na hora do aperto? Cantamos que a Palavra de Deus é luz para os nossos passos, é verdade na nossa vida do dia a dia?

4. Na casa, sentado à mesa, Jesus reparte o pão. (Lucas 24, 24-30).

“Eles disseram ao companheiro de viagem: permanece conosco, pois cai a tarde e o dia já declina.” Jesus entrou então para ficar com eles. E uma vez à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o , depois partiu-o e distribuiu-o a eles. Então seus olhos se abriram e o reconheceram; Ele porém ficou invisível diante deles. E disseram um ao outro: “Não ardia o nosso coração quando Ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?”

Os dois discípulos conviveram com Jesus, conheciam esse gesto característico dele: partir o pão. Era o gesto que ele mesmo tinha deixado como sinal de sua presença: “Fazei isto em memória de mim...” Eles lembraram também o dia da multiplicação dos pães. Partir o pão é o gesto que refresca a memória dos discípulos de Jesus. Ele está presente entre eles, cada vez que eles se reúnem para repartir o pão. Eles também lembram quanto foi bom ouvir a explicação das Escrituras pelo caminho. São as duas coisas que faltavam para eles reencontrar a esperança e o ânimo: reler as Escrituras para iluminar a caminhada, e partir o pão que sustenta a caminhada e garante a presença do Mestre entre nós.

E nós, hoje, quando desanimamos onde procuramos forças? As Escrituras alimentam nossa fé e nossa esperança? Procuramos encontrar o Senhor Jesus na oração ou na Eucaristia? O que nos dá força para continuar a nossa caminhada quando estamos desanimados e tristes?





5. Nas Escrituras explicadas e na partilha do pão: a missão.

“Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém. Acharam aí reunidos os Onze e seus companheiros que disseram: “ É verdade! O Senhor ressurgiu e apareceu a Simão!” E eles narraram os acontecimentos do caminho e como o haviam reconhecido na fração do pão.” (Lucas 24, 33-35).

Jesus devolveu a esperança e a coragem aos dois discípulos desanimados. Agora, cheios de força, eles voltam para junto dos outros, eles não tem medo de enfrentar a realidade que deixaram em Jerusalém, o lugar da crucificação. É noite, mas eles estão voltando alegres, felizes, pois sabem que o Cristo ressuscitou: os seus corações estão cheios de luz. Eles se sentiram na obrigação de levar logo a boa nova aos demais discípulos, não deixaram para o outro dia.

E nós, hoje, qual é a Boa Nova que temos para anunciar aos irmãos e irmãs mais desanimados do que nós? Como estamos passando para eles a luz e a força da Ressurreição de Jesus?

sábado, 23 de abril de 2011

NOSSA PÁSCOA.

P Á S C O A D A R E S S U R R E I Ç Ã O

“Nossa Páscoa, Cristo, foi imolada. Celebremos, portanto, a festa,
não com velho fermento, nem com fermento de malícia
perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade”
(1ª aos Coríntios 5, 7-8).

Pelos anos 1250 a.C. ocorreu realmente a fuga (Êxodo 14, 5) de um grupo de escravos (hapirus=hebreus) do Egito (Êxodo 12, 38). Era naquela época um fato muito comum. Não foi o primeiro grupo nem o último que conseguiu assim se libertar da escravidão egípcia. Mas para esse grupo foi o início de uma longa história que seria a história de um Povo e por isso o fato se tornou o acontecimento fundador desse Povo, Israel. O que aconteceu exatamente ninguém sabe dizer, pois os textos que possuímos são vários e diferentes e são frutos de uma releitura constante, feita, sobretudo, num contexto litúrgico. Mas, o que nos importa é o significado que esse fato adquiriu para a vida de tantas gerações.

1. Um fato:
Podemos ler Êxodo 14, 29-31.
Páscoa é a Passagem pelas águas do Mar dos Juncos: “Ele jogou no mar cavalos e cavalheiros.” (Êxodo 15, 21).
Abriu-se um caminho de libertação: da casa da servidão para a terra onde corre o leite e o mel.

2. Significado Teológico:
Essa passagem das águas foi lida, interpretada, como a PASSAGEM DE DEUS na vida desse grupo que conseguiu se libertar (Êxodo 12, 12). Deus-Javé passou e libertou o seu Povo. Foi a passagem de Deus na História desses escravos, passagem que os levou da escravidão para a libertação: Deus interveio na História e se deu a conhecer como o Deus que liberta (Êxodo 3, 7-15; 15, 2-3).
Esse ato de Deus funda o Povo e fundamenta a sua fé (Deuteronômio 26, 5-11). Em qualquer época e em qualquer lugar o Êxodo dos antepassados continua o Êxodo dos Israelitas (no texto passa-se do “eles” para o “nós”). Esse fato alimenta a sua oração e liturgia (Êxodo 15, 1-21; Deuteronômio 16,1), como alimenta também a sua fé. Pois será este fato que será constantemente relido à luz dos novos acontecimentos da História. Vejamos o Segundo Isaías como ele descreve a volta do Exílio da Babilônia como um novo Êxodo (Isaías 43,16-21). A vocação de Elias se dá nos mesmos termos do que a vocação de Moisés (enfrenta o rei, lança praga, foge para o outro lado da torrente, é alimentado de pão e água, até voltar para profetizar...1º livro dos Reis 17, 1-6)
Podemos ler e meditar nessa mesma perspectiva o Salmo 118.



3. Significado Ético:
A Fé exige um comportamento, uma ética. Á passagem de Deus na sua História, o Povo vai responder pelo seu compromisso de vida. Ele vai PASSAR A SERVIR À DEUS.
Da servidão ao serviço: eis a grande transformação na vida desses escravos, é o sinal que tinha sido dado a Moisés no Monte Horeb (Êxodo 3, 12).
Israel passa a ser um Povo consagrado a Deus, passa a ser o Povo do Deus que liberta. É um povo consagrado para esse serviço (Êxodo 13, 11-16; 19, 3-8). A consagração de todo o Povo passa pela consagração dos primogênitos. Numa sociedade patriarcal, se o primeiro dos homens é consagrado a Deus, significa que todos os membros da família, do clã, da tribo, são consagrados a Deus.
Podemos nesse sentido ler e meditar os Salmos 15 e 112.
È nessa perspectiva também que temos que reler o Decálogo: a Fé num Deus que liberta e não há outro, gera a relação fraterna entre os membros deste mesmo Povo: Deus do Povo, Povo de Deus.


4. A Nova Páscoa:
Na sua primeira carta aos Coríntios, Paulo nos afirma que tudo o que aconteceu na Páscoa dos Hebreus é para nós “tipo”, ou seja, exemplo (1º Coríntios 10, 1-6 e 11).
Mas agora a nossa Páscoa não é mais um fato e sim uma pessoa: Jesus de Nazaré. Ele realiza a verdadeira Páscoa, plena e definitiva, Ele é a nossa Páscoa ( 1º Coríntios 5, 7-8).
Pela sua morte e ressurreição Jesus se tornou a única Páscoa capaz de realizar em plenitude o que a primeira anunciava. (João 13, 1; Lucas 9, 30-31; Colossenses 1, 13).
Jesus provoca uma nova passagem da morte para a vida, da escravidão para a liberdade, mas não é mais para um grupo e sim para a humanidade toda, não é mais a passagem de um lugar para o outro e sim de uma situação para outra em qualquer terra que seja. É a universalização da Páscoa: transformar a vida, a pessoa, o mundo... (João 2, 1-12 e 2, 13-22).
Pela sua prática (atos e palavras) Jesus revelou a libertação do Pai. Deus passou de novo libertando: “Ele passou no meio de nós fazendo o bem” (Atos 10, 38).Também nos convidou a entrar no seu caminho (andar=ética) a viver como dava o exemplo (Lucas 9, 22-26).

5. A nossa Páscoa, fonte de nossa espiritualidade:
Como os Hebreus reconheciam a Páscoa de Deus no Êxodo, assim nós reconhecemos a Páscoa de Deus na pessoa de Jesus Cristo. Deus passou no meio de nós, libertando e isso nos convoca para uma vida digna dessa Boa Nova que recebemos. A Páscoa de Jesus fundamenta a nossa fé e exige de nós uma ética.
Daí nasce toda uma espiritualidade pascal ou êxodal. Esta espiritualidade é dinâmica (os discípulos de Emaús estão a caminho; Jesus, segundo Lucas, empreendeu uma grande caminhada até Jerusalém, lugar de sua Páscoa (Lucas 9, 51) que é a sua assunção ou Êxodo (Lucas 9, 30-31: “eles falavam do seu Êxodo”- texto grego-). Encontrar a Cristo é começar a se movimentar como o cego de Jericó: “No mesmo instante ele recuperou a vista e seguia-o no caminho” (Marcos 10, 52). Mas para ressuscitar com Ele é preciso retomar o caminho desde o início (voltar à Galiléia: Marcos 16, 7) e subir até Jerusalém, até o Calvário da Cruz. Espiritualidade da Cruz.
Ela é uma espiritualidade vivencial, ela celebra a presença do Deus Libertador na História, nos acontecimentos pessoais e comunitários. Ela expressa a experiência transformadora que vive toda pessoa que encontra o Ressuscitado na sua vida. “Já não sou eu que vivo, mas o Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2, 20). É a força da Ressurreição em nós (Filipenses 3,10).

Ela é missionária, pois leva ao testemunho da Ressurreição a partir da experiência pessoal do encontro com o Vivente: “Vi o Senhor” (João 20, 18), “Nós o reconhecemos à fração do pão” (Lucas 24, 35). A mesma experiência teve Paulo de Tarso, justamente no caminho de Damasco (Gálatas 1, 15-17), o Ressuscitado lhe foi revelado (Atos dos Apóstolos 9, 3-5). Foi a Páscoa em sua vida: ficou cego “três dias” (Atos 9, 9). Jesus passou na sua vida, enquanto estava na estrada, e foi a mudança radical do seu comportamento.

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Pelo Batismo nos identificamos ao Senhor morte e ressuscitado (Romanos 6, 3-11).
É a ressurreição que é o fundamento de nossa fé (1º Coríntios 15, 3-8; a proclamação da nossa fé pelo “creio”), e alimenta a nossa oração e nossa liturgia ( na vigília da Páscoa renovamos as promessas do nosso Batismo)
Pela fé na ressurreição entramos numa dinâmica de transformação (Filipenses 3, 11-14).
Paulo convida os Filipenses a ter uma vida digna do Evangelho (Filipenses 1, 27).
A vida religiosa é a radicalização da vivência batismal. É uma consagração a serviço de Deus e do seu Povo. Ficamos livres de tudo para servir. Podemos reler nessa perspectiva o nosso engajamento na vida religiosa.

E hoje? Como Deus está presente na História? Como Ele está libertando? Como esse olhar sobre a realidade me ajuda a proclamar a minha fé e alimentar a minha oração? Como estou à serviço desse mistério de morte e ressurreição? Como este mistério atua em minha vida, na vida da nossa comunidade?


“Assim, irmãos bem-amados, sejam firmes e inabaláveis (é a fé), façam constantes progressos no serviço do Senhor (é a ética), certos de que sua fadiga não é vã no Senhor” (porque Ele está vivo e nos conduz à vida) (1º Coríntios 15, 58).

FELIZ PÁSCOA!

Amigas e Amigos,
Desejo a todas e todos uma Feliz Páscoa da Ressurreição!
Que este momento tão importante na nossa vida de seguidores de Cristo Jesus
Seja momento de renovação: jogar bem longe o homem velho e revestir o homem novo!
"Nossa Páscoa, Cristo, foi imolado. Celebremos, portanto, a festa, não com fermento velho, nem com
fermento de malícia e perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade"
(1a aos Coríntios, 5, 7-8)

FELIZ PÁSCOA!















“Jesus lhe diz: mulher porque choras? A quem procuras?
Então Jesus disse: MARIA!
Ela respondeu: MESTRE!
E Maria Madalena foi anunciar aos discípulos:
EU VI O SENHOR!” (João 20, 15 e 18).

Queridas irmãs amigas e queridos irmãos amigos,
Que a luz do Ressuscitado ilumine suas vidas, que ela seja força na caminhada, certos que Ele está sempre conosco, podemos anunciar a Boa Nova: Eu também vi o Senhor!
FELIZ PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO
Pe. Francisco OMI

sexta-feira, 15 de abril de 2011

SEMANA SANTA E ESCRITURAS.

SEMANA SANTA, PASSO A PASSO COM A BÍBLIA. A Semana Santa nos faz reviver na nossa realidade de hoje, lá onde nós estamos, os últimos dias da vida terrestre de Jesus. São os dias em que se realizou plenamente a nossa salvação. “Hosana ao Filho de Davi...” (Mateus 21, 9). A Semana santa abre-se com o domingo dos Ramos. Nós lembramos a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém. Todos o aclamam, reconhecendo-o como Messias (Filho de Davi) e pedem que ele “dê a salvação” (Hosana) Para o povo ele vem libertar do jugo dos romanos. Ninguém repara que Jesus fez questão de entrar montado num jumentinho segundo a profecia de Zacarias 9, 9. Ele não monta um cavalo como os reis, pois ele não um chefe de guerra, um libertador militar. Ele vem salvar a humanidade do seu pecado: “Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo” (João 1, 29). O pecado que vicia toda a organização da sociedade, Jesus vem propor outro projeto de sociedade que ele chama “Reino do Pai”. Decepcionado o povo, na sexta feira, gritará “Crucifica-o” e lhe preferirá um subversivo, um sicário (homem que age com punhal na mão) Barrabás, que pelo menos luta contra o opressor romano. Que tipo de Libertador nós queremos? Qual é o pecado do mundo hoje do qual o Cordeiro deve nos libertar? “Desejei ardentemente comer esta páscoa com vocês antes de sofrer...” (Lucas 22, 15). Na Quinta feira Santa lembramos a Última Ceia que Jesus quis tomar com os seus discípulos. É a ceia que permanecerá no seio das comunidades até hoje, para lembrar (fazer memória) da vida, da prática, da mensagem de Jesus. Como um bom pastor ele veio dar a sua vida para que todos tenham vida (João 10, 10). Por isso a última Ceia antecipa o dom que Jesus vai fazer de sua vida. Cada Eucaristia renova para nós este gesto de amor “prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão...” (João 15, 13). Segundo o evangelista Lucas, é na Ceia que Jesus afirma que: “Quem é o maior: o que está na mesa ou aquele que serve? Não é aquele que está na mesa? Eu, porém, estou no meio de vocês como aquele que serve” (Lucas 22, 27). Por isso o evangelista João não nos relatará a instituição da Eucaristia, mas o “lava pés”, expressão máxima do que é dar a sua vida. No fim do seu gesto de serviço Jesus nos pede de fazer o mesmo: “Lhes dei o exemplo para que, como eu fiz, também vocês façam” (João 13, 15). Mas a última Ceia é também memória da primeira que se deu na relva verde da Galiléiana época da Páscoa dos Judeus (João 6, 4), quando Jesus repartiu os cinco pães e os dois peixes (Marcos 6, 38-39). Nossas celebrações eucarísticas lembram realmente o que foi a primeira e a última Ceia? Como eu vivo no dia a dia a Eucaristia celebrada? Como me sinto comprometido a fazer como Jesus fez (partilha, lavar os pés, dar a vida)? Na noite de quinta para sexta nós vigiamos junto com Jesus no Jardim das Oliveiras. “Vigiem! (Mateus 24, 42); Permanecei aqui e vigiem comigo (Mateus 26, 38); Não foram capazes de vigiar comigo por uma hora!” (Mateus 26, 40). “Não quis saber outra coisa entre vocês a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado “(1ª aos Coríntios 2, 2). “Quanto a mim não aconteça gloriar-me senão na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo...” (Gálatas 6, 14). A Sexta feira Santa nos dá de acompanhar Jesus nos seus sofrimentos, atualizando esta Paixão do Senhor para nós hoje, nos solidarizando com todos os sofredores de hoje: vítimas da violência, da guerra, do ódio, das calamidades, da fome e da injustiça social. Ao contemplar o Crucificado, contemplamos todos os Crucificados de hoje. Quantos inocentes são vítimas do sistema social no qual vivemos, eles carregam o pecado da sociedade injusta e esmagadora. Eles são os cordeiros de hoje: todos os condenam, mas na realidade são os nossos pecados que eles carregam: “Desprezado, não fazíamos caso nenhum dele. No entanto, eram as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava” (Isaías 53, 4). A Cruz, instrumento do mais terrível suplício tornou-se, no Calvário, o sinal do maior amor que se conheceu nesta terra. Por isso a Cruz se tornou o sinal da vida cristã: doação total de si por amor, como Jesus. Que sentido tem a cruz na minha vida? Ao ver uma cruz o que penso, o que faço, mexe em minha vida? Sábado Santo é dia de espera. “Passado o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungi-lo” (Marcos 16, 1). O que não pode ser feito no sábado, as mulheres vão fazê-lo no dia seguinte: ungir o corpo do Senhor, pois ele está bem morto! Nós sabemos que não foi bem assim que terminou a história, por isso é importante nos prepararmos ao ressurgir à VIDA. Esta preparação culmina com a Vigília da Páscoa. Naquela noite escutamos de novo as Escrituras que nos lembram os grandes momentos da História da Salvação (Criação, libertação...). Nós reafirmamos a nossa vontade de seguir a Jesus, renovando as promessas do nosso Batismo (Romanos 6, 3 e 4; Colossenses 3, 1-4)). Nós irrompemos em cantos de louvor e glória e acabamos celebrando a Eucaristia pela qual fazemos memória de toda esta semana e “O reconhecemos vivo à fração do pão” (Lucas 24, 35). ALELUIA! (Deus seja louvado): a Vida venceu a morte, porque o amor é mais forte do que a morte (Cântico dos Cânticos 8, 6). “Porque procuram entre os mortos Aquele que está vivo. Ele não está aqui!” (Lucas 5-6). “Eu vi o Senhor!” (João 20, 18). Pela fé e pelo amor Jesus se dá a ver. A Ressurreição não é provada pela ciência, mas é ato de fé e de amor. Abrem-se os olhos dos que crêem: “Felizes os que não viram e creram” (João 20, 30). “Então os seus olhos se abriram e o reconheceram na fração do pão” (Lucas 24, 31). E nós hoje como reconhecemos a presença de Jesus na nossa vida? Na vida dos que estão perto de nós? Nos acontecimentos do dia a dia? Nossa fé na Ressurreição se fundamenta no testemunho dos primeiros discípulos e discípulas. É a fé que recebemos da Comunidade eclesial e que transmitimos ao anunciar a Boa Nova: “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, enquanto alguns já adormeceram. Posteriormente, apareceu a Tiago, e, depois, a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu também a mim como a um abortivo” (1ª aos Coríntios 15, 3-8). “Nossa Páscoa, Cristo, foi imolada. Celebremos, portanto, a festa, não com velho fermento, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade” (1ª aos Coríntios 5, 7-8).

terça-feira, 8 de março de 2011

Quaresma: tempo de conversão.

Quaresma: Eis o tempo de conversão...

Cada ano a Liturgia da Igreja nos dá de reviver, atualizar, na realidade nossa, os principais momentos da História da Salvação. Assim com o tempo de Advento revivemos a espera do Messias junto com os profetas e os crentes fiéis ao Senhor, que esperam a Salvação-Redenção. Passamos depois a lembrar os primeiros momentos de vida do Salvador, Jesus de Nazaré: sua encarnação, e, o que costumamos chamar a infância de Jesus até chegar aos atos que abrem a sua vida pública: o Batismo por João nas águas do rio Jordão e as Tentações no deserto. Então vem o tempo da Quaresma.
O número 40 nas Escrituras Sagradas tem um simbolismo de “tempo completo, tempo suficiente para que se realize uma ação importante”. Assim o Dilúvio durou quarenta dias e quarenta noites (Gênesis 7, 12). Foi o tempo necessário e suficiente para fazer desaparecer a criação primordial (Gênesis 6, 7) e aparecer uma nova criação (Gênesis 9, 1-17; comparar com Gênesis 1, 26-31). Será o tempo necessário também para os hebreus, grupo liberto da casa da servidão, passarem (Páscoa) a ser Povo de Deus no estabelecimento de uma nova aliança (Êxodo 19, 2-8).
Será necessário que Moisés passe quarenta dias e quarenta noites na montanha (Êxodo 24. 18) para receber todas as instruções sobre o santuário e mais tarde para se encontrar com Deus face a face, como um amigo falando ao seu amigo e escrever de novo as tábuas da Lei (Êxodo 33, 11 e 34, 28).
Foi também o tempo necessário para o Profeta Elias se encontrar com deus no Monte Horeb e ser renovado na sua vocação profética (1º livros dos Reis 19, 8). O Profeta Jonas adverte aos Ninivitas que eles têm quarenta dias para se converterem (Jonas 3, 4).
Depois de quarenta dias e quarenta noites no deserto, Jesus está pronto par assumir a sua missão (Mateus 4, 1-2). Quarenta dias no deserto abrem a vida pública de Jesus, quarenta dias será também o prazo entre a Ressurreição e a Ascensão (Atos 1, 3) para encerrar o tempo do seu ministério na terra, a fim de dar aos seus discípulos provas incontestáveis de sua Ressurreição.
A Quaresma é o tempo favorável para a conversão. É o tempo de arrependimento e de penitência, tempo pelo qual podemos ressurgir como novas criaturas. Tempo que nos permite de voltar a ser membro fiel do Povo de Deus, saindo da escravidão do pecado para uma vida nova no Espírito do Senhor Ressuscitado, afinal reencontrar o primeiro amor do nosso Batismo (Romanos 6, 3-4). E assim retomar com generosidade o nosso compromisso missionário de anunciar pelo testemunho de vida o Reino do Pai.
Na Quaresma somos convidados também a nos preparar para encontrar o nosso Deus e Pai, ouvir de novo o seu Nome: “Javé, Javé, Deus de compaixão e de piedade, cheio de amor e fidelidade” (Êxodo 34, 6). Na Quarta Feira das Cinzas, pela leitura do Santo Evangelho, nos será proposto três caminhos para seguir a Jesus e ir com ele para junto do Pai: o jejum, a oração e a esmola. Jejuar nos diz o Profeta Isaias é o seguinte: “Por acaso não consiste nisto o jejum que eu escolhi: em romper os grilhões da iniqüidade, solta as ataduras do jugo, por em liberdade os oprimidos. Não consiste em repartir o teu pão com o faminto, em recolheres em tua casa os pobres desabrigados, em vestires aquele que tu vês nu e em não te esconderes daquele que é a tua carne...” (Isaías 58, 1-7). Jejuar é se abster de tudo o que pode prejudicar o irmão ou a irmã, é renunciar a atos que humilham, não respeitam a dignidade dos outros. A oração é este momento reservado de face a face com o Pai, como Jesus se retirando em lugar deserto para orar (Marcos 1, 37). Mateus nos aconselha nos retirar na intimidade do nosso coração. Viver com Deus ao ponto de chegar a uma unificação de vida como o Apóstolo Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gálatas 2, 20). Viver na intimidade do nosso Deus, escutando a sua Palavra como discípulo autêntico: “De manhã em manhã ele me desperta, sim, desperta o meu ouvido para que eu ouça como os discípulos” (Isaías 50, 4). Por isso é muito bom dedicar uns momentos à leitura das Sagradas Escrituras. A esmola não é aquilo que me sobra como faziam os ricos no Templo de Jerusalém, e sim aquilo que me é necessário, mas que eu divido com quem precisa como a viúva que depositou no cofre do Templo tudo o que ela tinha (Marcos 12, 41-44), ou com a viúva de Sarepta que repartiu o que lhe restava com o Profeta Elias (1º livro dos Reis 17, 12-16).
Percebemos que o jejum, a oração e a esmola são a resposta ás três tentações de Jesus no deserto. Tentações essas que estão constantemente presentes em nossa vidas: a sede de possuir, o consumismo, a orção-adoração em vista de ganhar alguma coisa, de até exigir de Deus, o egoísmo, que quer atrair sempre todas as atenções sobre a minha pessoa sem olhar as necessidades dos outros, concentrar tudo em mim mesmo sem repartir o que eu tenho.
Que nesta Quaresma possamos viver segundo o profundo sentido que trazem estes quarenta dias e quarenta noites: uma preparação para uma renovação de nossa vida de batizado, discípulo e discípula do Senhor Ressuscitado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

EIS A TUA MÃE 3

Eis a tua mãe (3ª parte)

Em Caná da Galiléia, numa festa de bodas, Jesus está presente entre os convidados assim como a sua mãe. Diante da falta de vinho, a mãe de Jesus intervém junto ao seu Filho. Mas estamos diante de um diálogo de dois níveis: ao nível pragmático trata-se de vinho para a alegria dos convidados, ao nível mais profundo trata-se de um anúncio da Nova Aliança que vem chegando com a presença de Jesus. Assim interpretamos o convite da mãe de Jesus de “fazer tudo o que Ele disser”.
Vamos continuar o nosso aprofundamento do texto a partir do capítulo 2, versículo 6.

1.8 Os jarros: tem lá seis (6) jarros muito grandes, pois João nos especifica que podem conter até três medidas, ou seja, 40 litros cada um. Mas o que interessa aqui é que são seis. Ora sabemos que na simbólica dos números na linguagem bíblica 6 é o número da imperfeição. Com o peso que elas têm, pois são de pedra, não deve ser fácil manejá-las. Elas devem permanecer onde estão, ficam numa posição estática. Mas a pedra nos lembra também o que o Profeta Ezequiel dizia dos Israelitas: “Dar-vos-ei um coração novo, porei no vosso íntimo um espírito novo, tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne” (Ezequiel 36, 26). Os jarros estão vazios.
Estes jarros de pedra serviam para as purificações dos Judeus. Nós sabemos quanto os Judeus, de modo especial os Fariseus, cuidavam destas purificações para se manter irrepreensíveis segundo a Lei. Esta Lei que foi dada para a vida, tornou-se um instrumento de legalismo, incapaz de trazer vida e alegria ao povo. O que foi proposto no Sinai como um projeto de vida e de vida plena foi transformado numa religião dura, estática, vazia, externa, de aparências como condenará Jesus. Os jarros representam a religião judia na época de Jesus.

1.9 Agora vem a transformação trazida por Jesus, a Nova Aliança, o novo relacionamento entre Deus a Humanidade, e das pessoas entre si. Jesus manda encher os jarros. Os empregados enchem até a borda: dos jarros vai de novo jorrar a vida, e a vida em plenitude: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em plenitude” (João 10, 10). Esta água que era para purificar se transforma em vinho que traz alegria, que traz um espírito novo (Ezequiel). Será do coração de Jesus aberto pela lança que jorrarão água e sangue quando será selada a Nova Aliança. Este vinho é o melhor que foi guardado até o fim, para quando chegaria “a plenitude dos tempos”. Os tempos do Messias chegaram, o Reino de Deus se abre (“os céus se abriram de novo”).

1.10 Tudo isso nos diz São João é um sinal (o primeiro dos sete que ele quis nos descrever João 20, 30). Não é um milagre e sim um sinal. Todo sinal tem um significado. O importante não é o maravilhoso que pode ser transformar água em vinho, o maravilhoso é que com Jesus de Nazaré Deus manifestou a sua glória. Estas duas palavras sinal e glória nos remetem diretamente ao livro do Êxodo: “para que eu faça os meus sinais no meio dos egípcios, e para que narres ao teu filho e ao filho do teu filho como zombei dos egípcios e quantos sinais fiz no meio deles, para que saibais que eu sou Javé” (Êxodo 10, 1-2; também 7, 3). Javé manifesta a sua presença através de sua ação: ele liberta, este será o sinal que verdadeiramente Ele É (Êxodo 3, 14-15).
A Glória de Javé é a sua própria existência, o seu ser. Portanto manifestar que ele é Javé é manifestar a sua Glória, é a manifestação do seu ser e de sua ação libertadora
O sinal das bodas de Caná revela a presença de Deus em Jesus de Nazaré. Mas é somente, por enquanto, um sinal. Quando chegar a hora a Glória de Deus se manifestará plenamente: “Deus será glorificado e o seu Enviado, Jesus Cristo será também glorificado” (João 17, 1). Por isso os intérpretes do evangelho segundo João falam do livro da “Glorificação” quando se referem ao livro da Paixão, Morte e Ressurreição. “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que EU SOU” (João 8, 28). Os discípulos souberam ler o sinal e reconheceram a presença de Deus em Jesus e “creram nele”.

1.11 Mensagem do texto: Jesus se manifesta como a presença libertadora de Deus. Ele vem para selar uma Nova e definitiva Aliança na hora da sua Glorificação, na hora do seu mistério pascal. A mãe dele nos convida a entrar neste movimento de transformação, de fazer a nossa páscoa, passagem do ritualismo e legalismo para a vida e vida em plenitude. É um apelo para nós ainda hoje nos libertar de todas as regras que nos prendem, nos aprisionam e não nos permitem viver plenamente na alegria do Espírito que liberta. “O Senhor é o Espírito, e onde se acha o Espírito do Senhor aí está a LIBERDADE” (2ª aos Coríntios 3, 17). Jesus, o Enviado do Pai, presença libertadora de Deus no meio de nós, nos leva para uma páscoa de libertação como numa festa de bodas no meio da alegria e da abundância.

No nosso próximo artigo abordaremos o segundo texto do evangelho segundo São João, apresentando a mãe de Jesus ao pé da cruz.

EIS A TUA MÃE 2

“Eis a tua mãe” (2ª parte).
No comentário anterior (“Eis a tua mãe- 1ª parte) situamos ação que vai se desenrolar numa festa de bodas em Caná da Galiléia. Vamos agora aprofundar a parte da ação propriamente dita: a transformação da água em vinho.
1.5 A mãe de Jesus nota que há uma situação delicada entre os anfitriões da festa. Ela constata: “eles não tem mais vinho”. Já tiveram, mas não tem mais. O vinho é uma bebida de festa, ele, como diz o Salmista: “regozija o coração do homem... (e da mulher também!)” (Salmo 104, 14-15). Mas o vinho é também um símbolo muito presente nas Sagradas Escrituras. Ele é o símbolo do Espírito Santo, dos tempos messiânicos e até da Palavra de Deus e de sua Sabedoria como podemos ler em livro dos Provérbios 9, 4-6.
O profeta Isaías sonha (utopia) com uma era messiânica farta. “O Senhor Javé prepara para todos os Povos, sobre esta montanha, um banquete de carnes gordas, um banquete de vinhos finos, de carnes suculentas, de vinhos depurados” (Isaías 25, 6).
O vinho que dá Sabedoria é a Lei de Deus (sua Palavra), é a Torá pela qual ensina ao seu povo o caminho da felicidade (Deuteronômio 30, 15). Infelizmente perderam o sentido salvífico e de bem que trazia a Lei de Deus. Nós sabemos que a Lei de Deus, na época de Jesus, se tornou mero legalismo explicitado em 613 preceitos muito difíceis de praticar. Somente os Fariseus tentavam viver segundo esta regra de vida e por isso viviam separados dos outros com medo de tornarem-se impuros (não observadores de todas as regras) de lá vem o seu nome: Fariseus=Separados. A mãe de Jesus expressa na sua constatação a situação que muitos notavam. Mais adiante voltaremos a esta situação presente em outros elementos deste texto.
1.6 “O que temos a ver com isso, minha hora ainda não chegou”. Será um fim de não receber por parte de Jesus? Mas ele vai mais tarde oferecer o melhor vinho. Se o problema é falta de vinho para a festa, isso não nos compete responde Jesus. Agora o vinho, nova Lei, nova Torá, a hora dela ainda não chegou. Encontramos aqui um procedimento escriturário muito querido por João: as palavras possuem dois sentidos, um real e bem concreto e outro de nível simbólico, expressando outra realidade. Por exemplo, a água: a samaritana pensa na água do poço que todos os dias ela deve vir buscar, Jesus lhe fala de outra água que é a Palavra de Deus. Ou ainda o nascimento no qual Jesus conversa com Nicodemos, ou ainda o pão distribuído no deserto, símbolo de um pão muito mais importante, pois dá a vida plena e para sempre. Jesus não está preocupado com o vinho da festa humana, e sim com o vinho que ele vai dar pelo mistério de sua Paixão, Morte e Ressurreição, mas somente quando chegar a hora.
Esta hora é bem a hora da Glorificação como a descreve João, hora da Paixão, Morte e Ressurreição. Basta reler uns textos de João para se convencer de tal afirmação. “Antes de festa da páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste para o Pai...” (João 13, 1). “Pai chegou a hora: glorifica o teu Filho, para que teu Filho te glorifique” (João 17, 1).
1.7 “Façam tudo...” A mãe de Jesus entendeu muito bem o recado! Seu convite aos serventes da festa não é um simples convite em executar materialmente o que Jesus vai poder exigir deles. Ela os convida a entrar na economia de uma nova Aliança. De fato as palavras atribuídas á mãe de Jesus são as palavras pelas quais o Povo de Israel, ao pé do Monte Sinai, respondeu ao convite de Deus por Moisés, de selar uma aliança entre Deus e o Povo. À Moisés que em nome de Deus fez o convite para uma aliança, o Povo respondeu: “Tudo o que o Senhor Javé disse, nós o faremos” (Êxodo 19, 8).
A mãe de Jesus entendeu tão bem o significado da resposta do seu Filho, que ela mesma estará, quando chegar a hora, no pé da cruz. Mas isso fica para um aprofundamento ulterior. Num próximo artigo daremos prosseguimento á este nosso estudo de João 2, 1 a 12.