sábado, 17 de dezembro de 2011

MARIA da ESPERANÇA.

ADVENTO-MARIA

Sem dúvida nenhuma a maior e mais profunda espera foi de Maria de Nazaré. Ela esperava que um dia Deus atenderia os apelos do seu Povo por libertação, era a mística (espiritualidade dos “Pobres de Javé”, os anawim). Mas ela viveu a espera de uma mãe, durante nove meses esperando a criança nascer. Foi a espera de todas as mães até hoje. O Evangelista Lucas que mais nos fala de Maria, silenciou os sentimentos maternos de Maria na espera do nascimento do seu filho. Mas nos deu de conhecer estes sentimentos pelas palavras que ele empresta a Maria no seu hino de louvor: “Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Sim sua misericórdia perdura de geração em geração, santo é seu nome” (Lucas 1, 46 e 50).
A esperança de Maria se fundamenta na certeza que ela tem que Deus é fiel. Ele vai cumprir as suas promessas, que Ele fez desde o tempo de Abraão. E qual foi esta promessa? "Em você todas as nações da terra serão abençoadas" (Gênesis 12, 3). Ora a bênção de Deus é vida, é paz, é alegria, é abundância, é graça. É esta promessa que agora vai se realizar. A esperança de Maria está no menino que vai nascer, mas está também na certeza que a promessa de Deus vai se realizar. Aquele que vai nascer do seu seio vai trazer uma nova era de vida e de paz, revolucionando a realidade sofrida do povo empobrecido: saciar de pão os famintos, levantar os humilhados, a todos e todas provar a misericórdia divina.
O que sustenta a esperança de Maria é a sua fé na Palavra. Ela sabe que quando Deus fala, está feito (Gênesis 1, 3). Foi a esta palavra que ele deu a sua adesão no dia do Anúncio do Anjo: "Faça- se em mim segundo a tua palavra". E é esta atitude que será elogiada por Jesus diante da multidão, em resposta à mulher que se extasiava pela grandeza da mãe dele: "Mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática" (Lucas 11, 28). É a recomendação do Apóstolo Santiago na sua carta: "Sejam praticantes da Palavra e não apenas ouvintes, iludindo a si mesmos. Quem ouve a Palavra e não a pratica é como alguém que observa no espelho o rosto que tem desde o nascimento; observa-se a si mesmo e depois vai embora, esquecendo a própria aparência" (Tiago 22 e 23).
Maria vive esta tempo de espera no silêncio da contemplação. No Evangelho segundo São Lucas, Maria proclama o seu hino de louvor ao Deus fiel (Magnificat), e reabrirá a boca unicamente quando Jesus com doze anos de idade, ficará no Templo de Jerusalém, ao encontrá-lo, depois de três dias de uma busca angustiada, Maria falará de novo: "Meu filho por que você fez isso conosco?" (Lucas 2, 48). Neste intervalo de tempo Lucas só nos relata que "Maria conservava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração" (Lucas 2, 19 e 2, 51).
É o silêncio contemplativo de Maria. Ele contempla o mistério de Deus que se faz próximo da humanidade, que se faz humanidade: "Ele tomou a nossa carne, se fez pessoa humana e habitou entre nós" (João 1, 14). É neste mesmo silêncio que ele contemplará o mistério da redenção na hora da paixão e morte do seu filho: "Ao pé da cruz estava a sua mãe..." (João 19, 25). Maria espera no silêncio e não no barulho e nas gritarias publicitárias.
Neste tempo de Advento são estes sentimentos que precisamos reavivar em nós: a confiança que nasce da certeza de que Deus nunca abandona o seu Povo, principalmente o seu povo empobrecido e sofrido. Deus é fiel, não falha nem falta. Temos que aprender a reconhecer os sinais que nos provam esta presença misericordiosa. Ele está no meio de nós, Ele caminha conosco, é o motivo de nossa alegria: “Alegrem-se sempre no Senhor, eu repito alegrem-se” (Filipenses 4, 4). Precisamos também nos recolher no silêncio e contemplar este mistério de nosso Deus que vem junto a nós, compartilhar nossa vida, iluminar nosso caminho da sua presença, como fez com os dois discípulos a caminho de Emaús (Lucas 24, 13-35). Pois ainda hoje é do silêncio que nasce a Palavra que salva, a Palavra que e Jesus: "Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, tua Palavra onipotente lançou-se do trono real dos céus para o meio de uma terra de extermínio" (Livro da Sabedoria 18, 14). Como mãe educadora (que encaminha) que Maria nos conduz pela mão neste tempo de espera e de esperança, que ele nos ensina a contemplar a presença amorosa de Deus em nós e ao nosso redor. Então deste silêncio contemplativo e profundo nascerá o Menino que vem salvar e dar a verdadeira vida: a vida de Deus em nós.

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