quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

OS SÍMBOLOS DE NATAL (parte 2)

(continuação da parte 1: Os símbolos de Natal)

Por. Francisco Rubeaux, omi

Na primeira parte da apresentação dos Símbolos de Natal, descrevemos os elementos da Luz, da Estrela e da Árvore.

Nós vamos, com o mesmo propósito, resgatar o sentido do presépio e dos presentes.

Todos nós sabemos que foi São Francisco de Assis que o primeiro idealizou o presépio. Ele quis fazer uma dramatização do Natal de Jesus, um sócio- drama, diríamos hoje. No ano de 1223, Francisco convidou o irmão João a preparar a festa de Natal e por isso montar o primeiro presépio do mundo. “Foi para lembrar o nascimento de Jesus em Belém, os apertos que Ele passou, como foi posto num presépio e ver como ficou em cima da palha entre o boi e o burro... De muitos lugares foram chegando os irmãos, traziam tochas para iluminar a noite. Greccio se tornou umas nova Belém. Ali mesmo no presépio foi celebrada a missa, e todos sentimos uma piedade e alegria natalina como nunca experimentamos até então”.

Mas o interessante é que Francisco soube reencontrar na Bíblia os textos que podiam dar um profundo sentido aos acontecimentos. Vejamos alguns deles.

Maria, José e o Menino Jesus:

“José era da família e descendência de Davi. Subiu da cidade de Nazaré na Galiléia até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para recensear-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, se completaram os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa” (Lucas 2, 4-7).

Os Anjos: eles representam o mundo divino, e que se unem à terra, humanidade, neste momento tão intenso e único de Deus que se faz um de nós. “Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória de Deus os envolveu em luz... De repente juntou-se ao anjo uma grande multidão de anjos. Cantavam louvores a Deus dizendo: Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lucas 2, 0 e 13).

Os pastores: eles lembram que os líderes em Israel são chamados “pastor” porque a maioria deles exerceu esta profissão. O pai do povo, Abraão foi pastor nômade, indo de acampamento em acampamento (Gênesis 12, ). Moisés foi pastor em Madião, apascentando os rebanhos do seu sogro (Êxodo 3, ). Davi foi o rei pastor, pois do meio dos seus rebanhos que o Profeta Samuel o escolheu em nome de Deus (1º livro de Samuel ). Jesus será o bom pastor que dá sua vida pelas suas ovelhas: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. Eu sou o bom pastor: conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai” (João 10, 11 e 14). Ele será também o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo: “João Batista viu Jesus que se aproximava dele. Ele disse: Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo... Vendo Jesus que ia passando, apontou: eis o Cordeiro de Deus” (João 1, 29 e 36).


O boi e o burro: é claro que eles têm lugar numa estrebaria. Mas São Francisco conhecia também o texto do Profeta Isaías: “Eu criei e eduquei filhos, mas eles se revoltaram contra mim. O boi conhece o seu proprietário, e o burro a cocheira do seu dono, mas Israel não conhece nada, o meu povo não entende” (Isaías 1, 3). Foi assim o que aconteceu na vinda do Messias, Jesus, o filho de Deus como escreve o Evangelista São João: “Ele veio para a sua casa, mas os seus não O reconheceram” (João 1, 11).

A estrela: ela está acima do presépio. Já falamos dela na primeira parte deste artigo. Ela guiou os Magos até a casa onde estava o Menino e a sua mãe (Mateus 2, ).

Os Magos: já foram apresentados também na primeira parte do nosso artigo. Eles vêm do Oriente (Mesopotâmia) e representam a universalidade da encarnação. Eles foram guiados pelo astro, e confirmados pelas Escrituras, conforme as pesquisas escriturárias dos Escribas de Herodes (Mateus 2, ). Para marcar a universalidade se costumou representar os Magos como negro, branco e moreno, simbolizando as raças humanas. Os comentaristas da Bíblia lembram que, antigamente, o ouro simbolizava a realeza, o incenso a divindade, e a mirra a humanidade. Portanto com estes três presentes Jesus é reconhecido como pessoa humana e divina.

Os outros elementos do presépio: aos poucos com passar do tempo, cada geração cristã aumentou os personagens presentes ao redor do recém- nascido. Assim é costume também colocar imagens das diversas profissões que ocupam as pessoas da comunidade. Coloca-se também um galo, pois o galo anuncia o levantar do sol, e como já vimos Jesus é o sol da justiça que vem aparecendo segundo a profecia de Malaquias (Malaquias 3, 20). Como o galo costuma cantar desde a meia noite, ele lembra que a encarnação se deu à noite, com vimos no livro da Sabedoria (Sabedoria 18, 14-15). A missa celebrada junto ao presépio, como no tempo de São Francisco, é geralmente celebrada a meia noite, e por essa razão é chamada “missa do galo”.

Os presentes:

A celebração do Natal de Jesus suscitou muitos comentários, muitas explicações. Os grandes comentaristas dos textos bíblicos, desde o início da História da Igreja, diziam que Natal é o dia do maior presente, pois o Pai nos dá o seu próprio Filho: “Deus amou de tal forma o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna” (João 3, 16).

Trocar presente é uma forma de manifestar o amor, o bem querer que as pessoas tem uma para outra. Esses presentes podem ser um simples cartão que recorda o evento e expressa os sentimentos que se tem naquele momento. É também um gesto de gratuidade: se oferece sem nada esperar de volta. O Papa São Leão Magno dizia que no Natal se realiza “um santo comércio”: Deus nos dá o seu Filho e recebe a nossa humanidade. A nossa humanidade recebe do Filho a divindade se tornando filhos e filhas de Deus. É o outro sentido também dos presentes cujo valor não está no valor financeiro, e sim no valor gratuito do amor.


Nós temos muito que aprender deste grande mistério da Encarnação do Senhor Jesus. Possam todos estes símbolos que lembram este evento, nos lembrar também o sentido profundo e verdadeiro do Nascimento de Jesus.

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