quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

OS SÍMBOLOS DE NATAL (parte 1)

Por: Francisco Rubeaux, omi



Quantas imagens, quantos símbolos vem ocupar a nossa imaginação neste tempo de preparação ao Natal de Jesus. Vamos tentar resgatar o sentido de algumas destas imagens, procurando o sentido que elas têm com o mistério que celebramos no Natal.


1) A LUZ

O que chama a nossa atenção são, em primeiro lugar, as luzes. Não há um edifício, até árvores da rua que não sejam iluminados. Natal é a festa da luz.

Jesus nasce durante a noite, segundo a Tradição que se fundamenta nos versículos do livro da Sabedoria: “Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite mediava o seu rápido percurso, tua Palavra onipotente lançou-se, guerreiro inexorável, do trono real dos céus para o meio e uma terra de extermínio” (Livro da Sabedoria 18, 14-15). Jesus que nasce na noite é a Luz do mundo... “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas” (João 8, 12). E o velho Simeão, no dia da apresentação de Jesus no Templo, proclamará: “Meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos; luz para iluminar as nações” (Lucas 2, 30-32).

Assim, como o nascimento de Jesus é festejado durante a noite, é preciso iluminar a noite com velas acesas. Jesus vem para iluminar as nossas trevas: “Com a Palavra estava a Vida e a Vida era Luz dos homens. Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la. A luz verdadeira, aquela que ilumina todo homem, estava chegando ao mundo” (João 1, 4-5 e 9). Ele é o sol da justiça anunciado pelo Profeta Malaquias: “Mas para vocês brilhará o sol de justiça, que tem a cura em seus raios” (Malaquias 3, 20).

Têm o mesmo sentido as bolas coloridas que penduramos nas árvores de Natal. Elas iluminam de todas as cores e espalham a alegria. Seria bom se nós colocássemos bolas das cinco cores dos cinco continentes: verde da África, branco da Europa, amarelo da Ásia, azul da Oceania e vermelho das Américas. Jesus é a luz de todas as nações.


2) A ESTRELA

A estrela é outro símbolo de luz, mas ela é também na esperança messiânica dos Judeus, um sinal do Messias. De fato lemos no livro dos Números a profecia de Balão: “Eu o vejo, mas não é agora; eu o contemplo, ãs não de perto: uma estrela avança de Jacó, um cetro se levanta de Israel” (Números 24, 17).

Assim os intérpretes dos Livros Sagrados sempre entenderam que o Messias que Deus enviaria para guiar o seu povo, seria como uma estrela. Nós também hoje dizemos de uma pessoa que ela é uma estrela quando ela se destaca no meio das outras, quando ela tem bastante liderança. Falamos também de alguém cuja fama vai aumentando que “sua estrela está subindo”. Assim, no meio dos Judeus, a estrela se tornou o símbolo do líder que Deus haveria de enviar para governar o seu povo. Como o Evangelista Mateus queria afirmar aos Judeus que Jesus de Nazaré foi bem o Messias esperado, ele escreveu que a sua estrela foi vista: “Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, alguns Magos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: onde está o recém-nascido rei dos Judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos para prestar-lhe homenagem... Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia diante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o menino... Ao verem de novo a estrela, os Magos ficaram radiantes de alegria” (Mateus 2, 1-2 e 9-10).

Para Mateus Jesus não é somente o Messias, o Líder dos Judeus, Ele é também o Messias, o Líder universal.

Todos nós somos convidados a seguir a estrela que é Jesus se nós quisermos encontrar o caminho que leva ao Pai: “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mateus 11, 27).


Bom é notar que no livro de Mateus, os Magos não são nem três, nem reis. São tradições que vieram mais tarde, na tentativa de dar mais detalhes ao acontecimento narrado por Mateus. Esta tradição se apóia no Salmo 72: “Todos os reis se prostrarão diante dele. Que ele viva e lhe seja dado o ouro de Sabá” (Salmo 72, 10-11 e 15). Também o profeta Isaías tem palavras semelhantes: “Uma horda de camelos te inundará, todos virão de Sabá, trazendo ouro e incenso” (Isaías 60, 6). Ademais, na Mesopotâmia (Oriente), os magos eram como astrólogos, estudiosos dos sinais nas estrelas e astros para guiar os reis nas suas decisões e os povos no caminho da prosperidade.

3) A ÁRVORE

O Messias vem par devolver a Vida, e a Vida plena à Humanidade que não soube guardar os caminhos da Vida. No jardim de Éden, a Vida era transmitida por uma árvore, a árvore da Vida: “Deus disse: o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Que ele agora não estenda a mão e colha também da árvore da Vida, e coma, e viva para sempre... Deus expulsou o homem do jardim e colocou diante do jardim os Querubins para guardar o caminho da árvore da vida” (Gênesis 3, 22-24).

Jesus é a árvore da vida, pois é dele que podemos agora receber a vida em plenitude. “Eu sou a verdadeira videira e vocês são os ramos... o ramo que não permanecer unido ao tronco não dá fruto. Ele será cortado e jogado ao fogo, Sem mim nada podeis fazer” (João 15, 1-6).

O Reino de Deus é também uma árvore, frondosa e grande onde os pássaros do céu podem se aninhar (Mateus 13, 32). O justo é como uma árvore plantada na beira do rio: “dá fruto no tempo devido e suas folhas nunca murcham” (Salmo 1, 3).

Quando o reino de Deus for totalmente realizado, então a árvore da Vida estará de novo no meio do jardim, e haverá outras árvores plantadas na beira das águas e estas árvores estarão cheias de vida. “No meio da praça, de cada lado do rio, estão plantadas árvores da vida; elas dão frutos doze vezes por ano; todo mês elas frutificam; suas folhas servem para curar as nações” (Apocalipse 22, 2).Na Europa. A festa de Natal sempre ocorre em pleno inverno, época em que as árvores, na sai maioria, perdem a sua folhagem e ficam desnudadas durante vários meses. A única árvore a permanecer verde é o pinho, e as árvores de sua espécie. Por isso a árvore de Natal é geralmente um pinho: árvore que permanece verde e simboliza a Vida que não se acaba, a Vida trazida por Jesus: “Eu vim para todos tenham vida e vida em abundância” (João 10, 10).


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