SEMANA SANTA, PASSO A PASSO COM A BÍBLIA.
A Semana Santa nos faz reviver na nossa realidade de hoje, lá onde nós estamos, os últimos dias da vida terrestre de Jesus. São os dias em que se realizou plenamente a nossa salvação.
“Hosana ao Filho de Davi...” (Mateus 21, 9). A Semana santa abre-se com o domingo dos Ramos. Nós lembramos a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém. Todos o aclamam, reconhecendo-o como Messias (Filho de Davi) e pedem que ele “dê a salvação” (Hosana) Para o povo ele vem libertar do jugo dos romanos. Ninguém repara que Jesus fez questão de entrar montado num jumentinho segundo a profecia de Zacarias 9, 9. Ele não monta um cavalo como os reis, pois ele não um chefe de guerra, um libertador militar. Ele vem salvar a humanidade do seu pecado: “Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo” (João 1, 29). O pecado que vicia toda a organização da sociedade, Jesus vem propor outro projeto de sociedade que ele chama “Reino do Pai”. Decepcionado o povo, na sexta feira, gritará “Crucifica-o” e lhe preferirá um subversivo, um sicário (homem que age com punhal na mão) Barrabás, que pelo menos luta contra o opressor romano. Que tipo de Libertador nós queremos? Qual é o pecado do mundo hoje do qual o Cordeiro deve nos libertar?
“Desejei ardentemente comer esta páscoa com vocês antes de sofrer...” (Lucas 22, 15). Na Quinta feira Santa lembramos a Última Ceia que Jesus quis tomar com os seus discípulos. É a ceia que permanecerá no seio das comunidades até hoje, para lembrar (fazer memória) da vida, da prática, da mensagem de Jesus. Como um bom pastor ele veio dar a sua vida para que todos tenham vida (João 10, 10). Por isso a última Ceia antecipa o dom que Jesus vai fazer de sua vida. Cada Eucaristia renova para nós este gesto de amor “prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão...” (João 15, 13). Segundo o evangelista Lucas, é na Ceia que Jesus afirma que: “Quem é o maior: o que está na mesa ou aquele que serve? Não é aquele que está na mesa? Eu, porém, estou no meio de vocês como aquele que serve” (Lucas 22, 27). Por isso o evangelista João não nos relatará a instituição da Eucaristia, mas o “lava pés”, expressão máxima do que é dar a sua vida. No fim do seu gesto de serviço Jesus nos pede de fazer o mesmo: “Lhes dei o exemplo para que, como eu fiz, também vocês façam” (João 13, 15). Mas a última Ceia é também memória da primeira que se deu na relva verde da Galiléiana época da Páscoa dos Judeus (João 6, 4), quando Jesus repartiu os cinco pães e os dois peixes (Marcos 6, 38-39). Nossas celebrações eucarísticas lembram realmente o que foi a primeira e a última Ceia? Como eu vivo no dia a dia a Eucaristia celebrada? Como me sinto comprometido a fazer como Jesus fez (partilha, lavar os pés, dar a vida)?
Na noite de quinta para sexta nós vigiamos junto com Jesus no Jardim das Oliveiras. “Vigiem! (Mateus 24, 42); Permanecei aqui e vigiem comigo (Mateus 26, 38); Não foram capazes de vigiar comigo por uma hora!” (Mateus 26, 40).
“Não quis saber outra coisa entre vocês a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado “(1ª aos Coríntios 2, 2). “Quanto a mim não aconteça gloriar-me senão na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo...” (Gálatas 6, 14). A Sexta feira Santa nos dá de acompanhar Jesus nos seus sofrimentos, atualizando esta Paixão do Senhor para nós hoje, nos solidarizando com todos os sofredores de hoje: vítimas da violência, da guerra, do ódio, das calamidades, da fome e da injustiça social. Ao contemplar o Crucificado, contemplamos todos os Crucificados de hoje. Quantos inocentes são vítimas do sistema social no qual vivemos, eles carregam o pecado da sociedade injusta e esmagadora. Eles são os cordeiros de hoje: todos os condenam, mas na realidade são os nossos pecados que eles carregam: “Desprezado, não fazíamos caso nenhum dele. No entanto, eram as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava” (Isaías 53, 4). A Cruz, instrumento do mais terrível suplício tornou-se, no Calvário, o sinal do maior amor que se conheceu nesta terra. Por isso a Cruz se tornou o sinal da vida cristã: doação total de si por amor, como Jesus. Que sentido tem a cruz na minha vida? Ao ver uma cruz o que penso, o que faço, mexe em minha vida?
Sábado Santo é dia de espera. “Passado o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungi-lo” (Marcos 16, 1). O que não pode ser feito no sábado, as mulheres vão fazê-lo no dia seguinte: ungir o corpo do Senhor, pois ele está bem morto! Nós sabemos que não foi bem assim que terminou a história, por isso é importante nos prepararmos ao ressurgir à VIDA.
Esta preparação culmina com a Vigília da Páscoa. Naquela noite escutamos de novo as Escrituras que nos lembram os grandes momentos da História da Salvação (Criação, libertação...). Nós reafirmamos a nossa vontade de seguir a Jesus, renovando as promessas do nosso Batismo (Romanos 6, 3 e 4; Colossenses 3, 1-4)). Nós irrompemos em cantos de louvor e glória e acabamos celebrando a Eucaristia pela qual fazemos memória de toda esta semana e “O reconhecemos vivo à fração do pão” (Lucas 24, 35).
ALELUIA! (Deus seja louvado): a Vida venceu a morte, porque o amor é mais forte do que a morte (Cântico dos Cânticos 8, 6).
“Porque procuram entre os mortos Aquele que está vivo. Ele não está aqui!” (Lucas 5-6). “Eu vi o Senhor!” (João 20, 18). Pela fé e pelo amor Jesus se dá a ver. A Ressurreição não é provada pela ciência, mas é ato de fé e de amor. Abrem-se os olhos dos que crêem: “Felizes os que não viram e creram” (João 20, 30). “Então os seus olhos se abriram e o reconheceram na fração do pão” (Lucas 24, 31). E nós hoje como reconhecemos a presença de Jesus na nossa vida? Na vida dos que estão perto de nós? Nos acontecimentos do dia a dia?
Nossa fé na Ressurreição se fundamenta no testemunho dos primeiros discípulos e discípulas. É a fé que recebemos da Comunidade eclesial e que transmitimos ao anunciar a Boa Nova: “Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze. Em seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, enquanto alguns já adormeceram. Posteriormente, apareceu a Tiago, e, depois, a todos os Apóstolos. Em último lugar, apareceu também a mim como a um abortivo” (1ª aos Coríntios 15, 3-8).
“Nossa Páscoa, Cristo, foi imolada. Celebremos, portanto, a festa, não com velho fermento, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade” (1ª aos Coríntios 5, 7-8).
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