“Ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima!”
Com o último domingo do mês de novembro vamos iniciar um novo ano litúrgico. De maneira cíclica, cada ano, revivemos os grandes momentos da história da nossa salvação. O tempo do Advento tem por objetivo de nos colocar nas mesmas atitudes, e mesmos sentimentos que estavam muitas pessoas antes do nascimento de Jesus Cristo. Por isso três pessoas se destacam neste tempo de Advento: o Profeta Isaías, João, o Batista e Maria de Nazaré.
1. Isaías pronunciou muitas profecias em relação ao Messias. Estes oráculos são reunidos nos capítulos 6 a 12 do livro de Isaías, que são chamados “Livro do Emanuel”. O Profeta proclama que Deus não abandona o seu Povo, porque Ele é o “Deus conosco” (= Emanuel). Esta presença amorosa de Deus, sempre ao nosso lado, o Profeta a vê numa criança que será ungida (=Messias). No contexto histórico da época de Isaías, o Profeta se refere, provavelmente, ao nascimento do futuro rei Ezequias. O seu nascimento foi visto como uma prova que Deus não abandonava a dinastia de Davi, mas que sempre cuidaria que houvesse no trono de Judá um descendente de Davi.
A primeira profecia é muito conhecida: “Eis que a virgem dará á luz um filho e ele será chamado: Emanuel- Deus conosco (Isaías 7, 14). Mateus retomou esta profecia para falar do nascimento virginal de Jesus (Mateus 1, 22-23).
A segunda profecia é lida ainda hoje como primeira leitura de missa de Natal: “O Povo que andava nas trevas viu uma grande luz, um menino nasceu, um filho nos foi dado” (Isaías 9, 1).
A terceira profecia descreve a missão desta criança quando crescer: “Um ramo sairá do tronco de Jessé, sobre ele repousará o Espírito de Deus (Isaías 11, 1).
Jesus será a prova clara e evidente que Deus não abandona o seu Povo, ao contrário lhe revela o seu amor, enviando o seu próprio Filho que manifestará este amor do pai pela sua misericórdia e compaixão. A Encarnação é a plena certeza de que Deus nos quer bem: “Glória a Deus e paz na terra aos homens que Ele ama” (Lucas 2, 14).
2. A outra pessoa que marca este tempo de Advento é João Batista, o maior entre todos os Profetas. Ele espera também a vinda do enviado de Deus, preparando os seus caminhos, preparando os corações para acolher “Aquele que vinha em nome do Senhor”. Além de anunciar a chegada próxima do Messias, ele teve a alegria de designá-lo: “Eu não o conhecia... mas agora eu vi e dou testemunho que é ele: eis o cordeiro de Deus (João 1, 31. 34. 36). Para João sua alegria foi comparável à alegria do amigo do esposo: “Quem tem a esposa é o esposo, mas o amigo do esposo que está presente e o ouve, é tomado de alegria à voz do esposo. Essa é a minha alegria, e ela é completa” (João 3, 29).
3. Sem dúvida nenhuma a maior e mais profunda espera foi de Maria de Nazaré. Ela esperava que um dia Deus atenderia os apelos do seu Povo por libertação, era a mística (espiritualidade dos “Pobres de Javé”, os anawim). Mas ela viveu a espera de uma mãe, durante nove meses esperando a criança nascer. Foi a espera de todas as mães até hoje. O Evangelista Lucas que mais nos fala de Maria, silenciou os sentimentos maternos de Maria na espera do nascimento do seu filho. Mas nos deu de conhecer estes sentimentos pelas palavras que ele empresta a Maria no seu hino de louvor: “Minha alma engrandece o Senhor e meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Sim sua misericórdia perdura de geração em geração, santo é seu nome” (Lucas 1, 46 e 50).
Neste tempo de Advento são estes sentimentos que precisamos reavivar em nós: a confiança que nasce da certeza de que Deus nunca abandona o seu Povo, principalmente o seu povo empobrecido e sofrido. Deus é fiel, não falha nem falta. Temos que aprender a reconhecer os sinais que nos provam esta presença misericordiosa. Ele está no meio de nós, Ele caminha conosco, é o motivo de nossa alegria: “Alegrem-se sempre no Senhor, eu repito alegrem-se” (Filipenses 4, 4). Nossa alegria não é só de esperar sabendo que Deus não falha, mas é alegria se confessar (proclamar0 que de fato Ele veio na pessoa de Jesus de Nazaré e que ele há de vir de novo na sua glória para nos chamar a partilhar plenamente de sua vida. Então sim a nossa alegria será completa e “ninguém poderá tirar dos nossos corações esta alegria” (João 16, 22).
Possamos entrar nos mesmos sentimentos de Isaías, João Batista e Maria e viver com intensidade este tempo de Advento.
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