Por: Pe. Francisco Rubeaux, omi.
“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo” (Lucas 1, 68).
O povo de Deus do Antigo Testamento sempre teve consciência que o seu Deus era um Deus próximo (Emanuel=Deus no meio de nós), um Deus que visitava o seu povo.
No Novo Testamento, os discípulos e as discípulas de Jesus tem essa mesma convicção: em Jesus de Nazaré, Deus visitou o seu povo.
Zacarias louva o Senhor por visitar o seu povo, pois sabe que com o nascimento do seu filho João se aproxima a vinda do Messias, o enviado de Deus (Lucas 1, 68 a79).
Depois da ressurreição do filho da viúva de Naim, o povo todo exclama: “Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo”(Lucas 7, 16).
Ao enviar os Apóstolos e os discípulos anunciar a Boa Nova, Jesus pede para que vão visitar aldeias e povoados e entrem nas casas: “Ele os enviou dois a dois à sua frente a toda cidade e lugar aonde Ele próprio devia ir. Em qualquer casa em que entrarem...”(Lucas 10, 1 e 4).
Jesus visitou o povo, e Ele ia de lugar em lugar, entrava nas casas (de Simão Pedro, de Marta e Maria, de Simão o fariseu, de Zaqueu...
Depois de sua Ressurreição Jesus enviou os seus discípulos para a missão, e eles também começaram a andar de lugar em lugar anunciando a Boa Nova. Eles fizeram das suas casas o lugar da reunião, do encontro, assim no livro dos Atos dos Apóstolos podemos constatar que a casa é também a comunidade: “partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração”(Atos 2, 4).
Mas o que se passa nestas visitas de Jesus, dos discípulos, às casas encontradas pelo caminho? Quem vem visitar é de paz: “Ao entrarem na casa saúdem-a (Shalom-Paz!) e se for digna desça a sua paz sobre ele”(Mateus 10, 11). O missionário é pessoa que traz a paz, porque ele traz uma Boa Nova (Evangelho).
É Boa Nova da VIDA, da ressurreição, como na casa de Simão Pedro com a sogra dele que se encontrava acamada com alta febre (Marcos 1, 29 a 31). Jesus toma pela mão, nada de distante, de discriminação porque é uma mulher e ainda doente. Ele a levanta (faz ressurgir), sua visita é para ela momento de retorno à vida, um reerguimento. Ela então os servia, isso é, ela entra na comunidade, ela assume o seu lugar, seu serviço (ministério), sua missão junto com os outros. É sempre agir de maneira positiva e não condenar, é sempre para mostrar que nada está perdido porque o nosso Deus é o Deus da vida.
É Boa Nova da SALVAÇÃO: “hoje a salvação entrou nessa casa” (Lucas 19, 9). É o que aconteceu com Zaqueu, o cobrador de impostos. Ele estava desejando ver Jesus, Jesus foi além do seu desejo, pois quis se hospedar na casa dele. Essa visita transformou a vida de Zaqueu.
Mas nem sempre a visita é bem quista, nem sempre o missionário é bem acolhido, pode até ser rejeitado: “E se algum lugar não lhes receber nem lhes quiser ouvir, ao partirem de lá, sacudam o pó debaixo dos seus pés em testemunho contra eles” (Marcos 6, 11). Pois acontece que pessoas não sabem reconhecer o dia em que são visitadas, como Jerusalém: “Não reconheceste o tempo em que foste visitada” (Lucas 9, 44).
Como Jesus agiu, assim agiram os discípulos. Visitaram as cidades e povoados do seu tempo, anunciando sempre uma Boa Nova (Evangelho) nunca umas palavras de condenação, pois não é para isso que somos enviados: “Deus amou tanto o mundo que enviou o se Filho ao mundo, para que por Ele o mundo seja salvo” (João 3, 16).
Missão é sair dos muros da igreja, é ir ao encontro dos outros: deus veio ao nosso encontro, Jesus foi ao encontro de tanta gente, os discípulos e as discípulas deixaram os seus lugares para percorrer o mundo conhecido daquela época (no livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas nos conta até quatro viagens missionárias de Paulo junto com os seus colaboradores).
Não esqueçamos que quem dirige a missão é o Espírito Santo. Temos que deixar espaço para Ele em nossas vidas e em nossos planejamentos. Temos, sobretudo que estar bem atentos ao que ele diz ainda hoje à nossa Igreja (Apocalipse 2, 7). Ele nos dará de ter as atitudes de paz e de amizade que fazem entrar na relação certa com as outras pessoas, Ele nos dará de falar o necessário em cada circunstância e situação que encontraremos. Ele nos dará a coragem e a energia que nos fará enfrentar as dificuldades que com certeza encontraremos pelo caminho da missão.
“Deixem-se conduzir pelo Espírito Santo” (Gálatas 5, 16).
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