quinta-feira, 24 de junho de 2010

MISSÃO É VISITAR.

Por: Pe. Francisco Rubeaux, omi.

“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo” (Lucas 1, 68).

O povo de Deus do Antigo Testamento sempre teve consciência que o seu Deus era um Deus próximo (Emanuel=Deus no meio de nós), um Deus que visitava o seu povo.

No Novo Testamento, os discípulos e as discípulas de Jesus tem essa mesma convicção: em Jesus de Nazaré, Deus visitou o seu povo.

Zacarias louva o Senhor por visitar o seu povo, pois sabe que com o nascimento do seu filho João se aproxima a vinda do Messias, o enviado de Deus (Lucas 1, 68 a79).

Depois da ressurreição do filho da viúva de Naim, o povo todo exclama: “Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo”(Lucas 7, 16).

Ao enviar os Apóstolos e os discípulos anunciar a Boa Nova, Jesus pede para que vão visitar aldeias e povoados e entrem nas casas: “Ele os enviou dois a dois à sua frente a toda cidade e lugar aonde Ele próprio devia ir. Em qualquer casa em que entrarem...”(Lucas 10, 1 e 4).

Jesus visitou o povo, e Ele ia de lugar em lugar, entrava nas casas (de Simão Pedro, de Marta e Maria, de Simão o fariseu, de Zaqueu...

Depois de sua Ressurreição Jesus enviou os seus discípulos para a missão, e eles também começaram a andar de lugar em lugar anunciando a Boa Nova. Eles fizeram das suas casas o lugar da reunião, do encontro, assim no livro dos Atos dos Apóstolos podemos constatar que a casa é também a comunidade: “partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração”(Atos 2, 4).

Mas o que se passa nestas visitas de Jesus, dos discípulos, às casas encontradas pelo caminho? Quem vem visitar é de paz: “Ao entrarem na casa saúdem-a (Shalom-Paz!) e se for digna desça a sua paz sobre ele”(Mateus 10, 11). O missionário é pessoa que traz a paz, porque ele traz uma Boa Nova (Evangelho).

É Boa Nova da VIDA, da ressurreição, como na casa de Simão Pedro com a sogra dele que se encontrava acamada com alta febre (Marcos 1, 29 a 31). Jesus toma pela mão, nada de distante, de discriminação porque é uma mulher e ainda doente. Ele a levanta (faz ressurgir), sua visita é para ela momento de retorno à vida, um reerguimento. Ela então os servia, isso é, ela entra na comunidade, ela assume o seu lugar, seu serviço (ministério), sua missão junto com os outros. É sempre agir de maneira positiva e não condenar, é sempre para mostrar que nada está perdido porque o nosso Deus é o Deus da vida.

É Boa Nova da INCLUSÃO, se Jesus está junto às pessoas desta casa é que elas são dignas da sua visita, Ele não rejeita ninguém. Assim entrou na casa de Marta que o convidou para uma refeição. São duas mulheres, ele poderia ter evitado de entrar nessa casa, devido as regras de convivência daquela época (lembremo-nos também da Samaritana) Lá Ele anuncia a Boa Nova de que todos são iguais e que mulher também pode ser discípula: “Maria escolheu a melhor parte não lhe será tirada) (Lucas 10, 38 a 41). Boa Nova é buscar “as ovelhas perdidas da casa de Israel”. Reintegrar para o seio da comunidade.

É Boa Nova da SALVAÇÃO: “hoje a salvação entrou nessa casa” (Lucas 19, 9). É o que aconteceu com Zaqueu, o cobrador de impostos. Ele estava desejando ver Jesus, Jesus foi além do seu desejo, pois quis se hospedar na casa dele. Essa visita transformou a vida de Zaqueu.

Mas nem sempre a visita é bem quista, nem sempre o missionário é bem acolhido, pode até ser rejeitado: “E se algum lugar não lhes receber nem lhes quiser ouvir, ao partirem de lá, sacudam o pó debaixo dos seus pés em testemunho contra eles” (Marcos 6, 11). Pois acontece que pessoas não sabem reconhecer o dia em que são visitadas, como Jerusalém: “Não reconheceste o tempo em que foste visitada” (Lucas 9, 44).

Como Jesus agiu, assim agiram os discípulos. Visitaram as cidades e povoados do seu tempo, anunciando sempre uma Boa Nova (Evangelho) nunca umas palavras de condenação, pois não é para isso que somos enviados: “Deus amou tanto o mundo que enviou o se Filho ao mundo, para que por Ele o mundo seja salvo” (João 3, 16).

Missão é sair dos muros da igreja, é ir ao encontro dos outros: deus veio ao nosso encontro, Jesus foi ao encontro de tanta gente, os discípulos e as discípulas deixaram os seus lugares para percorrer o mundo conhecido daquela época (no livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas nos conta até quatro viagens missionárias de Paulo junto com os seus colaboradores).

Não esqueçamos que quem dirige a missão é o Espírito Santo. Temos que deixar espaço para Ele em nossas vidas e em nossos planejamentos. Temos, sobretudo que estar bem atentos ao que ele diz ainda hoje à nossa Igreja (Apocalipse 2, 7). Ele nos dará de ter as atitudes de paz e de amizade que fazem entrar na relação certa com as outras pessoas, Ele nos dará de falar o necessário em cada circunstância e situação que encontraremos. Ele nos dará a coragem e a energia que nos fará enfrentar as dificuldades que com certeza encontraremos pelo caminho da missão.

“Deixem-se conduzir pelo Espírito Santo” (Gálatas 5, 16).

terça-feira, 15 de junho de 2010

25ª Semana do Migrante

De 13 a 20 de junho de 2.010:

Por uma economia a serviço da vida

O que é ser migrante? Migrar é ir de um ligar para outro. Têm aves migrantes. Estas aves vão de uma região para outra, de um pais para outro em busca de um melhor clima. Têm também pessoas migrantes.
Há pessoas que se mudam de lugar porque querem. Mas muitas mudam de lugar porque são obrigadas.
Mudar de lugar por questão de emprego: em busca de emprego ou porque a firma pela qual trabalha exige que vá trabalhar numa outra fábrica da companhia. Têm ainda os trabalhadores dos portos e aeroportos, ferrovias e estradas; os marítimos e pescadores... os trabalhadores da cana, nordestinos
Mudar de lugar por questão de saúde: o clima onde mora não convém
Mudar de lugar por questão política: refugiados por causa da guerra, exilados políticos, reforma agrária mal feita que expulsa o agricultor de sua terra
Mudar de lugar por causa de catástrofes: terremotos, enchentes, deslizamentos de terra, vulcões... a seca do nordeste.

A Palavra de Deus ilumina estas situações:
A Bíblia é a memória de um povo em êxodo.
Abraão foi um migrante, “um arameu errante (Deuteronômio 26, ) Andou de Ur da Caldéia para Haram, de lá para Canaã e depois desceu ao Egito de onde voltou para Canaã.
A fuga da escravidão, na terra do Egito e a longa caminhada pelo deserto em busca da terra prometida.
O Exílio na Babilônia e a volta depois de 50 anos.
Jesus pelas estradas da Palestina, anunciando a Boa Nova.
Paulo e as suas viagens missionárias
A 1ª carta de São Pedro lembra aos cristãos que eles são estrangeiros e forasteiros aqui na terra, sua Pátria verdadeira são os Céus.
A Palavra de Deus conta a história de um povo em marcha, na terra provisória, em direção à Pátria definitiva.
Temos também alguns documentos que recomendam particular atenção aos migrantes.
“O gênero humano encontra-se hoje em uma fase nova de sua história, na qual mudanças profundas e rápidas estendem-se progressivamente ao universo inteiro” (G. et S. 04). “As migrações hodiernas constituem o maior movimento de pessoas de todos os tempos. Tal fenômeno, que envolve cerca de 200 milhões de seres humanos, transformou-se em realidade estrutural da sociedade contemporânea”
“Um dos fenômenos mais importantes em nossos países é a mobilidade humana, em sua dupla expressão de migração e de itinerância, em que milhões de pessoas migram ou se vêem forçadas a migrar dentro e fora dos seus respectivos países” (Documento de Apare4cida 73).